|
Carbono
a favor do meio ambiente
O financiamento para a preservação
das florestas, por meio
do mercado de carbono, pode reverter a poluição do
ar.
 |

Foto:
Kenny Tanizaki |
 |
No
verão de 2003, mais de 14 mil pessoas morreram
com o calor intenso na França ,
que ultrapassou os 40°C, algo atípico para
a região que apresenta, nessa época do
ano, uma temperatura média de 15°C a 25°C.
Diminuir os índices de concentração
no ar de gases como o gás carbônico (CO2),
óxido nitroso (N2O) e ozônio (O3), responsáveis
pelo efeito estufa
,
é a única forma de evitar bruscas mudanças
climáticas globais no futuro, com efeitos ainda
imprevisíveis. As medidas necessárias
ao retrocesso desse quadro são o controle ou
redução da queima de combustíveis
fósseis (como o petróleo), a conservação
das florestas e, sobretudo, o reflorestamento de áreas
desmatadas. |
A redução da poluição do ar está
em pauta na Organização das Nações
Unidas (ONU) desde 1992, quando organizou a Rio 92 para debater,
com líderes de todo o mundo, a melhoria do clima. No
entanto, uma saída viável só veio à
tona em 1997, durante a Convenção de Quioto,
realizada em Tóquio. Foi nesta ocasião que se
propôs o financiamento de mecanismos de controle da
poluição do ar, incluindo ações
de preservação e reflorestamento. Conforme a
proposta, estabelecida no Protocolo de Quioto, os países
que ultrapassarem a cota global de emissão de gases
permitida deverão pagar às nações
menos poluidoras, por meio de mecanismos de compensação,
pela incorporação desses gases nocivos. Uma
das formas de incorporação é por meio
do seqüestro de carbono, pelo qual as árvores
captam CO2 da atmosfera pelo processo natural da fotossíntese
.
A retirada do gás carbônico da atmosfera é
uma forma de manter o ar limpo e equilibrar a emissão
de gases poluentes. A derrubada de florestas e o uso em massa
de combustíveis fósseis emitem carbono na atmosfera,
ao passo que manter florestas intactas e reflorestar ajuda
na absorção do gás presente no ar.
No bojo do protocolo, que ainda não foi ratificado
por países como a Rússia e os Estados Unidos,
alegando que o controle das emissões vai diminuir o
ritmo de suas economias, surgiram iniciativas que ajudam a
pôr em prática a sustentabilidade ecológica.
Um exemplo é o projeto Desenvolvimento local, proteção
da biodiversidade e mudanças climáticas, que
está sendo implantado desde o início de 2003,
na comunidade de Bom Jesus do Aramaquiri, interior do Pará.
A iniciativa recebe investimentos no valor de US$ 140 mil
do Banco Mundial e dos países da União Européia
para conservação de 20 hectares de florestas
presentes nas propriedades de aproximadamente 70 famílias
locais. Com isso, boa parte da floresta amazônica primária
da região — nunca desmatada — está
sendo preservada, transformando o quadro de degradação
anterior ao projeto. Antes havia alto índice de queimadas,
prática utilizada para o plantio de culturas de subsistência
e comercialização de madeira nobre. No lugar
da devastação, a comunidade agora desenvolve
atividades ecologicamente sustentáveis, como a criação
de peixes (piscicultura), de pequenos animais e a produção
de mudas, ajudando, com isso, a conservar a reserva de carbono
da região.
— O desenvolvimento deve se integrar à floresta.
Nunca se fala em sustentabilidade ecológica, desenvolvimento
integrado à conservação da biodiversidade;
e sustentabilidade geoquímica, a produção
que, em longo prazo, não é perdida devido à
exaustão do solo. É fundamental que o homem
civilizado mude o seu paradigma em relação à
floresta, deixando de vê-la como um impedimento ao crescimento.
É importante investir dinheiro para conservar as florestas,
contribuindo para o seqüestro de carbono e a reestruturação
do ecossistema — analisa o biólogo Kenny
Tanizaki ,
pesquisador do Laboratório de Radioecologia e Mudanças
Globais da Universidade do Estado Rio de Janeiro (Laramg/UERJ).
A
Revolução Industrial acelerou as alterações
climáticas no planeta Leia[+]
Sociedade
ainda não valoriza a conservação das
florestas
Leia[+]
O
Protocolo de Quioto e o mercado de carbono
Leia[+]
Novas tecnologias e
influência humana no clima podem ser relativas Leia[+]
Black carbon altera
o clima global Leia[+]
Referência bibliográfica
DEAN, W.. A ferro e fogo: a história e
a devastação da Mata Atlântica Brasileira.
Universidade da Califórnia, 1995.
Informações:
Telefone: (21) 2568-9664
Correio eletrônico: kenny@uerj.br
e heitor@uerj.br
Receba
este e outros assuntos por e-mail
Clique
aqui para se cadastrar
Caso você não utilize nenhum gerenciador
de e-mail, como o Microsoft Outlook Express ou o Netscape
Messenger, envie uma mensagem para ambiente@uerj.br
com o assunto Cadastramento de e-mail.
UERJ
em Rede no Meio Ambiente
Núcleo de Referência em Educação
Ambiental - Nuredam
|
|
 |
|