Carcinicultura: Solução ou Problema
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Criação de camarões ameaça os manguezais

Diversas revistas de pesquisa têm apontado a carcinicultura na costa brasileira como um sério risco de destruição dos manguezais, que são fontes de alimento e berçário da maioria dos peixes marinhos.

De acordo com as comunidades de pescadores do nordeste, as empresas que desenvolvem a carcinicultura vêm de lugares distantes, trazendo sua própria mão-de-obra, restando para as comunidades locais o trabalho de “roçar os mangues”.

Segundo levantamentos realizados por diversas ONGs, uma das maiores empresas é a Netuno, de capital pernambucano-argentino, com várias denúncias de problemas trabalhistas em suas fábricas de beneficiamento do camarão, no Maranhão e no Ceará (mais detalhes forumcarajas@elo.com.br)


Doenças atingem a carcinicultura no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte e costa norte do Brasil

As organizações não governamentais e movimentos sociais no norte e no nordeste brasileiro, desde 1999, vêm alertando para a trajetória de insustentabilidade dessa atividade. Pois, agora em 2003, assistimos no Ceará, nas Bacias do Jaguaribe, do Pirangi e, nas regiões de Camocim e Acaraú, a chegada de uma doença que se caracteriza pela necrose do corpo do camarão, ainda que seu cefalotórax (cabeça) permaneça íntegro.

Essa doença está atingindo os carcinicultores no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte e vem sendo escondida da população para que nem o mercado, nem a população sejam conhecedores deste fato, a fim de que o consumo deste camarão seja mantido.

O Brasil exportou, em 2002, cerca de 6.807 toneladas para os Estados Unidos (Los Angeles, Nova York e Miami), para Espanha, entre outros países. Para nós, que fazemos o movimento ambientalista, o advento das doenças é o ápice de uma trajetória de insustentabilidade para uma determinada atividade produtiva.

O Ceará vem trabalhando com uma produtividade acima da média nacional, se constituindo na maior produtividade mundial localizada (5.249kg/ha/ano). O adensamento na criação de camarão leva à degradação da qualidade da água, e está está sendo percebida pela população através da contaminação dos recursos hídricos e mortandade de pescado (caranguejos, peixes, ostras, etc.).


Populações nativas de crustáceos de elevado valor econômico estão ameaçadas


As doenças que vêm atingindo o camarão, podem atingir também outros animais e contribuir para a diminuição de populações naturais de caranguejos, peixes, entre outros.

Até pouco tempo, essa atividade estava proibida no Estado do Maranhão, mas agora desponta como nova frente de expansão por meio da política de Pesca e Aqüicultura Federal e Maranhense (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - Seap).

É importante visualizarmos os riscos de se inserir o cultivo do camarão branco do Pacífico (Litopenaeus vannamei) na costa do norte e nordeste brasileiro, que constituem 50% de todos os manguezais do Brasil.

Além da ameaça que representa a introdução da carcinicultura no litoral norte brasileiro (amazônico) para a biodiversidade, vale ressaltar também o aspecto econômico, pois o camarão-rosa da costa norte é responsável pela principal pescaria da costa norte do Brasil. O recurso faz parte de um dos mais importantes bancos camaroneiros do mundo, estendendo-se desde Tutóia/MA, até o delta do Orinoco, na Guiana. A produção dos últimos anos tem ficado entre 4.000 e 5.000 toneladas/ano.

Outro crustáceo de enorme importância econômica é o caranguejo-uçá, um dos mais importantes integrantes da fauna dos manguezais, sendo encontrado ao longo do litoral brasileiro desde o Oiapoque (Amapá) até Laguna (Santa Catarina).

Nos estados do Maranhão e do Pará, encontram-se as mais extensas áreas do "ecossistema manguezal" e, ambos os estados, contribuem com cerca de 50% da produção total controlada de caranguejo-uçá em toda a Região Norte e Nordeste nos últimos anos da série, cujos valores têm variado entre 10.000 e 12.000 toneladas/ano, que abastecem várias capitais nordestinas para a atrativa degustação dos turistas.

As comunidades pesqueiras do Norte e do Nordeste Brasileiro, apelam para o apoio de todas as entidades ambientalistas, movimentos sociais, universidades e Governos Federal, Estaduais e Municipais para que os ajudem a evitar o cenário obscuro que se desenha para a zona costeira de nosso país.


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Por Nélio Cunha Mello - Biólogo e limnólogo (especialista em águas interiores) membro da S.B.L. (Sociedade Brasileira de Limnologia), possui vários trabalhos publicados sobre carcinicultura, é educador ambiental e atual presidente da ONG Ambientalista ECOSC - Equipe de Conservacionistas Santa Cruz, entidade fundada em 20.8.1977. E-mail: nmello@unikey.com.br

Artigo publicado pelo Meio Ambiente UERJ
Site da Rede de Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Quarta-Feira, 10 de dezembro de 2003

Este artigo está disponível no tema EDUCAÇÃO AMBIENTAL do Fórum Ambiental
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