Os
impactos ambientais causados por essa prática,
está pondo em risco a biodiversidade, principalmente
no litoral do norte e nordeste do Brasil. |
Por
Nélio Cunha Mello*
Vocês já devem ter notado que a oferta de camarões
nos mercados aumentou muito nos últimos anos. Vários
restaurantes que oferecem pratos somente de camarões
foram abertos. Pois bem, isso se deve ao fato de que muitas
empresas nacionais e internacionais receberam aval dos órgãos
governamentais para montarem viveiros de água salgada,
principalmente no litoral do norte e nordeste do Brasil.
Cerca de 70% dos camarões atualmente comercializados
no Brasil são de cultivo em cercadas (cativeiro).
As empresas, que se destinam a essa cultura, cercam áreas
à beira-mar, geralmente impróprias para o
banho como os manguezais, e lançam, diariamente,
quantidades balanceadas de ração para a engorda
dos camarões.
Essa prática vem sendo desenvolvida há várias
décadas em alguns países, como a China, a
Tailândia e o Equador. Porém, há de
se ressaltar que, se não houver um sério estudo
preliminar sobre os impactos ambientais causados por essa
prática, estaremos pondo em risco toda a biodiversidade
nessas regiões.
Em meados da década de 90, iniciou-se no litoral
do nordeste brasileiro a "carcinicultura industrializada"
de água salgada - criação do camarão
branco do Pacífico (Litopenaeus vannamei).
Rapidamente, o Brasil saiu de uma produção
de 3.600 toneladas, em 1997, para 60.128 toneladas em 2002.
Desta maneira, o Brasil transformou-se no maior produtor
mundial de camarões de cultivo (com 7.458 kg/ha/ano,
dados da Associação Brasileira de Criadores
de Camarão - A.B.C.C.). Em segundo lugar está
a China (com 3.421kg/ha/ano), em terceiro lugar a Tailândia
(com 1.158kg/ha/ano) e finalmente, em quarto lugar, o “prudente”
Equador (com 633kg/ha/ano), depois de ter tido toda sua
produção arrasada pela doença “mancha
blanca”, em 1999.
Criação
de camarões ameaça os manguezais [leia+]
Doenças
atingem a carcinicultura no Ceará, Piauí e
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nativas de crustáceos, de elevado valor econômico,
estão ameaçadas [leia+]
*
Biólogo
e limnólogo (especialista em águas interiores)
membro da S.B.L. (Sociedade Brasileira de Limnologia), possui
vários trabalhos publicados sobre carcinicultura,
é educador ambiental e atual presidente da ONG Ambientalista
ECOSC - Equipe de Conservacionistas Santa Cruz, entidade
fundada em 20.8.1977. R-mail: nmello@unikey.com.br
Artigo
publicado pelo Meio Ambiente UERJ
Site da Rede de Meio Ambiente da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro
Quarta-Feira, 10 de dezembro de 2003 |
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