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Relatório do WWF mostra que salvar a natureza é salvar pessoas


Enquanto os chefes de Estado se reúnem em Nova Iorque para a cúpula mundial sobre as metas de desenvolvimento para o milênio, com o objetivo de reduzir a pobreza e garantir sustentabilidade ambiental, a Rede WWF lança hoje um novo relatório que mostra a ligação estreita existente entre a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico. O relatório mostra como o uso e conservação dos ecossistemas aquáticos impacta o meio de vida, a saúde e a segurança das populações mais pobres. A degradação ambiental provoca pobreza e conflitos sociais, enquanto o manejo sustentável dos recursos naturais torna-se um fator de melhoria de qualidade de vida e de renda da população. Um dos estudos de caso apresentados no relatório é sobre o Projeto Várzea, que o WWF-Brasil realiza em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - Ipam, junto às comunidades ribeirinhas do município de Santarém, no Pará.

"A introdução de práticas sustentáveis de uso dos recursos naturais traz benefícios ambientais, sociais e econômicos, além de aumentar a auto-estima da população e sua capacidade para o processo de gestão participativa. E a primeira a se beneficiar é a população local", diz Antonio Oviedo, coordenador do Programa de Conservação do Rio Amazonas e Planícies Inundadas do WWF-Brasil. O sucesso do Projeto Várzea fez com que o modelo seja replicado pelo WWF-Brasil com comunidades de outras partes da Amazônia, inclusive no Acre, na região do Alto Purus.

Água doce e floresta devem ser consideradas de forma integrada, pois uma depende da outra. Independentemente de onde se vive, longe ou perto da natureza, mesmo nas grandes metrópoles, dependemos desses dois elementos para ter água para beber e preparar alimentos, construir materiais, reciclar nutrientes, regular o regime de chuvas e o clima em geral, bem como ter peixes, em variedade, quantidade e qualidade suficiente, plantas, frutos, sementes e outros insumos essenciais à indústria farmacêutica, cosmética, alimentícia e tantas outras. Por isso é essencial conservar a bacia do Rio Amazonas e suas florestas inundadas. Já as populações ribeirinhas tradicionais, que vivem na várzea amazônica, dependem da água doce e da floresta para tudo, tendo na pesca a sua principal fonte de proteína e de renda.

O Projeto Várzea, iniciado há 11 anos, proporcionou apoio técnico e financeiro para que as comunidades da região de Santarém
implantassem o manejo integrado dos recursos da várzea. Numa pesquisa realizada em 2004, 91% dos comunitários entrevistados expressaram interesse em continuar o projeto. O chamado manejo - método que combina o cuidado para manter a integridade da biodiversidade e da paisagem com métodos modernos de produção econômica e de organização social - dos recursos naturais da várzea, em especial a pesca, trouxe vários resultados positivos para as comunidades envolvidas no projeto. Veja alguns deles:

* A identificação e envolvimento de lideranças comunitárias para desenhar e implementar acordos de pesca e de gado fortaleceu a capacidade de organização social das comunidades. A partir do manejo dos recursos naturais da várzea, elas aprenderam a gerenciar coletivamente outros problemas individuais ou de grupo e a buscar melhorias de todo o tipo. As associações comunitárias tornaram-se interlocutores relevantes no diálogo com o poder público.
* Por meio do trabalho com grupos de mães para qualificar e diversificar a dieta familiar, bem como para preparar remédios caseiros, obteve-se uma melhoria nos índices de saúde entre as comunidades envolvidas com o projeto. O desenvolvimento de associações bem estruturadas também permitiu o fornecimento de serviços básicos de saúde para as comunidades.
* Problemas entre os pescadores, fazendeiros e pecuaristas, originados pelo mau uso dos campos de várzea pela pecuária, foram resolvidos com os "acordos de búfalo", que definem onde, quando e quantos animais podem ser criados nos campos de várzea.
* Acordos de pesca também resolveram os problemas entre os pescadores das várias comunidades e destes com pescadores comerciais, devido à escassez e diminuição de tamanho de determinadas espécies de peixe, causadas pela sobrepesca, o desrespeito às épocas de procriação dos peixes e a utilização de equipamentos e práticas predatórias. Além de resolverem conflitos, os acordos melhoraram a produtividade e a renda dos pescadores, ao mesmo tempo que garantiram peixe o ano inteiro para todos. Esses acordos influenciaram as políticas públicas e são reconhecidos pelo Ibama, o que lhes confere força de lei.
* O manejo da pesca fez aumentar em 60% a produtividade dos lagos e a produção de peixes de valor comercial, o que trouxe 25% de aumento médio na renda dos comunitários. A renda melhorou ainda mais com a introdução da pesca de camarão, da agricultura de várzea, do manejo do gado e da criação de abelha sem ferrão.
* A população de pirarucu - o maior peixe de água doce do mundo e um dos mais tradicionais da Amazônia, com alto valor comercial e muito apreciado pela culinária local -, que estava desaparecendo dos lagos de pesca, têm aumentado significativamente. Além disso, foi criado um novo nicho de mercado para o pirarucu oriundo do manejo sustentável, com melhor remuneração para os pescadores. Em 2004, por exemplo, a pesca de pirarucu na ilha de São Miguel produziu 5.669 quilos de filé de peixe, o que rendeu um total de R$ 33.764,00, dos quais R$ 26.726,00 ficaram com os pescadores e os restantes R$ 7.037,50 (ou 21% do total) foram para a associação.
* O cultivo de produtos agrícolas na época da seca, com a introdução de novos métodos de plantio, bem como tecnologia para a produção de farinha, também possibilitou melhoria na dieta e novas fontes de renda para as comunidades.

Os ecossistemas aquáticos são elementos estratégicos para o desenvolvimento das nações e o relatório mostra que conservar esses recursos naturais é fundamental para promover o desenvolvimento econômico com inclusão social e qualidade de vida para a população. O Brasil possui a maior reserva de água doce do planeta e dois terços dela estão na várzea da Amazônia . Apesar disso, mais de 40 milhões de brasileiros hoje não têm sequer acesso à água de boa qualidade.

O sumário, introdução e conclusões do relatório, bem como a íntegra do estudo de caso do Projeto Várzea, estão disponíveis em português no website www.wwf.org.br

Para mais informações, contate Regina Vasquez, assessora de comunicação do WWF-Brasil, pelo tel (61) 3364-7483 e 92867724 (cel) ou pelo e-mail regina@wwf.org.br , e Milena Del Rio, assessora de comunicação do IPAM, pelo tel (91) 3283-4559 e 9994-2050


Fonte: WWF



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