Muito
mais do que imagens impressionantes do continente
gelado, o pesquisador Jefferson Simões,
que atravessou a Antártica por terra
até o Pólo Sul geográfico,
retorna nesta sexta-feira (14/1) ao Brasil com
muitos dados para serem analisados. O trabalho
científico deve durar pelos próximos
três anos.
“Coletamos
seis testemunhos de gelo entre 22 metros e 46
metros de profundidade. Atingimos gelo com 350
anos de idade. Além disso, 110 amostras
da superfície da neve foram recolhidas”,
disse Simões à Agência Fapesp
no dia 12, de Punta Arenas, no Chile.
Segundo
o pesquisador, na viagem de volta do Pólo
Sul também foram realizados 1.200 quilômetros
de radioecossondagem, com o objetivo de determinar
a espessura e a estrutura do gelo. “Também
medimos a velocidade (de deslocamento) do gelo
ao longo do percurso em 107 pontos”, conta.
Apesar
do retorno de Simões ao Brasil, o gelo
coletado demorará um pouco mais para
atravessar a fronteira. Os testemunhos continuam
em um frigorífico na cidade chilena de
Punta Arenas por mais alguns meses.
“Em
maio, os testemunhos virão para Porto
Alegre em um vôo da Força Aérea
Brasileira. Eles serão subamostrados
e enviados para análise. Serão
usados nessa etapa da pesquisa laboratórios
na própria América do Sul, nos
Estados Unidos e na Europa”, explicou
Simões. Todos os dados obtidos na viagem
serão tratados em conjunto com o Chile
– a maioria dos pesquisadores que participaram
da expedição nasceu naquele país.
Enquanto os brasileiros se dedicarão
mais aos testemunhos, os chilenos se debruçarão
sobre os dados geofísicos.
Parte
da bagagem da expedição, entretanto,
nem vai chegar ao Brasil. Pelas normas internacionais,
todo o lixo, incluindo fezes e urina, produzido
na Antártica não pode ficar no
continente gelado. “Tudo isso está
em Puna Arenas e será tratado por lá.
Só de dejetos humanos são oito
tonéis”, explica Simões.
Os
tratores utilizados para a travessia do gelo
– todo o trajeto de ida e volta teve 2.300
quilômetros, com temperaturas de até
35 graus negativos – nem precisaram sair
do continente gelado. “Eles foram enterrados
sobre a neve. Inclusive, em se tratando de Antártica,
essa é a melhor coisa a se fazer quando
o assunto é preservar algum equipamento”,
explica Simões.
A
expectativa é que as máquinas
sejam usadas novamente em uma expedição
científica em 2007, que será o
Ano Polar Internacional. (Eduardo Geraque)
Fonte: Agência
Fapesp
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