Ao longo de 15 meses, por meio
de muitas consultas aos procedimentos, processos
e relatórios de vistoria de instituições
públicas como Fundação
Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema),
Ministério Público Estadual, Ministério
Público Federal e Divisão de Recursos
Minerais, foram identificados os conflitos ambientais
compreendidos no período entre 1992 e
2002, que envolvessem as parcelas mais pobres
da população fluminense. O levantamento
resultou em uma amostra de 251 situações-problema
em 49 municípios, e selecionados os casos
onde alguma mobilização de moradores
de áreas residenciais de baixa renda
esteve na origem das denúncias. Ao evidenciar
como as agressões afetam os grupos mais
despossuídos, a pesquisa dá visibilidade
à questão ambiental que atinge
àqueles que têm menos condições
de se fazer ouvir no espaço público.
O
objetivo não é totalizar
o conhecimento sobre o território,
mas indicar as condições
sociais concretas em que se deveriam desenrolar
medidas para uma melhor distribuição
dos benefícios ambientais do desenvolvimento.
Design do CD: Kinecos. |
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Este
recente estudo, Mapa dos Conflitos
Ambientais do Estado do Rio de Janeiro,
desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa
e Planejamento Urbano e Regional da (Ippur/UFRJ),
o mostra que os licenciamentos não
são mera barreira burocrática
ao desenvolvimento. Ao contrário,
consideradas as dificuldades das agências
públicas fiscalizarem o respeito
às normas, os licenciamentos mostram-se,
com freqüência, necessários
e mesmo insuficientes para proteger a
população de menor renda,
dos riscos ambientais dos empreendimentos.
As dificuldades de se fazer respeitar
as normas ambientais estariam inclusive
na origem de grande parte dos conflitos
ambientais que se manifestam no estado.
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O levantamento - Os
casos levantados foram organizados em fichas
que identificam os atores envolvidos, a data
das denúncias, os denunciantes, o histórico
dos eventos, assim como os documentos que serviram
de fonte das informações. O levantamento
está sistematizado em CD ROM que contém
também vídeos e fotografias ilustrativas.
Dentre os assuntos abordados que vão,
de disposição inadequada e lançamentos
clandestinos de resíduos tóxicos,
poluição do solo, ar e água
à implantação de loteamentos
em áreas inadequadas, entre outras situações
- mostram as realidades e estratégias
de atores sociais, entre empreendedores, poder
público e populares, na apropriação
conflitiva dos ambientes no Estado do Rio.
“Zonas de sacrifício”
- A pesquisa apontou que certas localidades
destacam-se por serem objeto de uma concentração
de práticas ambientalmente agressivas
atingindo as populações de baixa
renda e menos capazes de se fazerem ouvir nos
meios de comunicação e nas esferas
de decisão. Tais localidades são
chamadas de “zonas de sacrifício”
ou “paraísos de poluição”,
locais onde a desregulamentação
ambiental favorece os interesses econômicos
predatórios. Como exemplos de regiões
no Estado, onde foram encontradas “zonas
de sacrifício” estão a Baía
de Sepetiba, o município de Itaguaí
e a zona oeste do Rio, entre muitas outras.
Estudo será exibido em audiências
públicas na Alerj e nos MPs
- Dia 28 de junho é a data para apresentação
a promotores do Ministério Público
estadual e Federal. Na Alerj, o deputado Carlos
Minc promete exibir o estudo em audiência
pública, a ser pedida ainda pela comissão
de Meio Ambiente. Um dos benefícios que
o Mapa pode trazer à sociedade é
o debate sobre a eficiência dos Termos
de Ajustamento de Conduta (TAC) e sobre os acordos
regidos pelos MPs e pela Justiça em casos
de conflitos entre comunidades e agentes poluidores.
O Mapa dos Conflitos Ambientais faz parte do
projeto Mapa da Justiça Ambiental no
Estado do Rio de Janeiro, realizado pela Federação
de Órgãos para Assistência
Social e Educacional (Fase), com recursos oriundos
de medidas compensatórias da Petrobras,
repassados pela Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Urbano.
Informações sobre o estudo e
de como adquirir um exemplar da publicação
no site www.justicaambiental.org.br
e por meio do correio eletrônico mapajusticaambiental@fase.org.br.
Fonte: Felipe Caixeta - Ippur/UFRJ e Fase
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