A
história dos registros fósseis
do gênero Nothofagus tem pelo
menos 80 milhões de anos. Isso significa
voltar ao tempo do Gonduana, um dos continentes
que surgiram a partir da Pangea e que reunia
a Antártica atual, além da Austrália,
América do Sul, África e Índia.
As
árvores de caules robustos, como as que
formam os bosques patagônicos, por exemplo,
não são exclusivas da América
do Sul. Alguns gêneros de Nothofagus
aparecem também na Austrália e
na Nova Zelândia.
Por
causa dessa correlação entre porções
de terras tão distantes, uma linha de
pesquisadores defende a tese de que esses exemplares
migraram junto com os continentes. Não
houve, portanto, uma dispersão de sementes
pelo oceano depois que as separações
ocorreram.
Para
tentar descobrir se é a dispersão
ou a deriva continental a responsável
pela distribuição atual do gênero
Nothofagus, Peter Lockhart, da Universidade
Massey, na Nova Zelândia, e colaboradores
resolveram fazer um grande mapa filogenético
de 11 espécies de três subgêneros
(Lophozonia, Fuscospora e Nothofagus)
do vegetal.
Para
surpresa dos próprios pesquisadores,
foram obtidas evidências de que os dois
processos contribuíram para a distribuição
dessas plantas. Ou seja, a dinâmica e
a história evolutiva da biodiversidade
é muito mais complexa do que podia parecer
em um primeiro momento.
As
análises dos fragmentos dos genomas dos
cloroplastos das espécies mostraram,
por exemplo, que a relação entre
a Lophozonia e a Fucospora
da Austrália e da Nova Zelândia
é mais recente que a última separação
dos continentes. Entretanto, a comparação
entre os mesmos subgêneros Fucospora da
América do Sul e da Austrália
mostrou que eles se distanciaram um do outro
dentro dos próprios continentes.
Para
os autores, uma das principais conclusões,
além de revelar uma complexidade nem
sempre considerada em estudos sobre biodiversidade,
é mostrar a importância que as
análises moleculares têm em estudo
de dispersões em grandes escalas. Nem
a dispersão oceânica nem a deriva
continental devem ser consideradas vencedoras.
Fonte: Agência
Fapesp
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