De
acordo com a declaração Universal
dos Direitos - editada pela ONU (Organização
das nações Unidas): ... "A
água não deve ser desperdiçada,
nem poluída, nem envenenada. De maneira
geral, sua utilização deve ser
feita com consciência e discernimento
para que não se chegue a uma situação
de esgotamento ou de deterioração
da qualidade das reservas atualmente disponíveis"...
Entretanto,
a realidade é outra. Há anos os
recursos hídricos vêm sofrendo,
no mundo todo, os efeitos da super exploração,degradação
das bacias, poluição, desmatamento
e desperdício.
Ainda,
segundo dados da ONU, para cada mil litros de
água consumido pelo homem, dez mil são
poluídos. Se uma pessoa deixar de comer,
ela pode resistir até 40 dias, se deixar
de beber água, ela consegue sobreviver
apenas três. Mesmo assim, a população
ainda não está consciente que
a água doce no mundo é um recurso
finito. Normalmente, as florestas não
são relacionadas com a água que
chega às casas. E sendo assim, fica mais
difícil a preservação.
É preciso saber que a floresta desmatada,
o rio poluído, a ocupação
desordenada do solo prejudicam, e muito, a captação
de água nos mananciais, reservatórios
e bacias.
Agricultura
- A maior consumidora de água potável
é a agricultura. E uma pesquisa do Ibope
- Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião
Pública e Estatística, encomendada
pelo WWF - Fundo Mundial para a Natureza apontou
que as pessoas não tem
consciência desse fato. Os consumidores
acreditam que o grande vilão do consumo
de água e da poluição é
a indústria, seguido pelo consumo doméstico.
A
irrigação consome 70% dos recursos
hídricos do país. Segundo o ambientalista
e vice-presidente da Câmara de Cultura,
José Henrique Cortez, para diminuir o
problema, as plantações deveriam
ser irrigadas de forma mais econômica,
com técnicas como o gotejamento, microgotejamento
e microaspersão, ao invés do pivô
central, que joga praticamente 2/3 da água
para a atmosfera. Além do desperdício
na irrigação, e dos fertilizantes
e agrotóxicos usados nas lavouras, o
desmatamento e as queimadas utilizadas para
o plantio de novas safras também provocam
a escassez da água, comprometendo as
nascentes e os rios.
Água
virtual - O Brasil é o 10°
produtor de água virtual do mundo. Os
cientistas consideram água virtual toda
a água usada para se fabricar um bem.
Pode ser uma manga, uma camiseta, um quilo de
carne. Para fazer uma relação,
um quilo de pão utiliza 150 litros de
água, enquanto um quilo de batata usa
dois mil. Um quilo de carne, considerando desde
o nascimento do boi até a entrega ao
consumidor final gasta dez mil litros de água.
"E
por que a Europa adora a nossa carne? Ela é
orgânica, no sentido que é um boi
verde, que só come pasto. E se o europeu
tiver que produzir a mesma carne em regime de
confinamento, ele gastaria 40 mil litros de
água. Logo, na Europa, é sustentável
usar a nossa carne, porque usa menos água,
mas usa a nossa água", explica José
Henrique Cortez.
Saneamento
- Outro grave problema é o saneamento
básico. Menos de 50% dos domicílios
brasileiros recebem tratamento de esgoto. Isto
significa que o esgoto recolhido acaba invariavelmente
nos rios. Além do esgoto jogado in natura,
os rios também sofrem com os resíduos
sólidos despejados em suas águas.
Além do lixo doméstico, lâmpadas,
medicamentos, inseticidas e pilhas são
descartados sem o mínimo controle. Para
se ter uma idéia uma folha de papel pode
demorar de três a seis meses para se decompor,
um chiclete leva cinco anos, plástico
e metal levam mais de cem anos e vidro demora
um milhão de anos para se decompor na
natureza. "Só para universalizar
o saneamento básico até 2020,
o país precisa investir US$ 10 bilhões
ao ano. Infelizmente, nem metade disso é
investido", acentua o ambientalista.
Água
tratada - A água que chega nas
residências, é captada nos mananciais.
Quando a companhia de abastecimento capta essa
água, como a Sanepar - Companhiada Saneamento
do Paraná, a água é captada
e transportada para as estações
de tratamento. Quanto mais longe estiver o manancial,
mais caro chega a água ao consumidor
final. E quanto mais poluída estiver
a água, mais produtos químicos
são empregados em seu tratamento que
leva de uma a duas horas, segundo o gerente
de produção da Sanepar, Paulo
Raffo, responsável por Curitiba e Região
Metropolitana. Segundo ele, são captados
por segundo na capital paranaense 7.500 litros
de água.
Para
José Henrique Cortez, a crise nos recursos
hídricos já existe, prova disso
é o grande número de apagões
e racionamento de energia que São Paulo
sofreu no último ano, e que Recife (PE)
já sofre há dez anos. Além
dos alagamentos e inundações nas
cidades. "O que nos falta é uma
concepção integrada e estratégica
do gerenciamento dos nossos recursos hídricos.
Isto hoje, apesar de todo o esforço e
de toda legislação, é feito
de forma pontual. Esperamos chegar a um ponto
onde não há mais o que fazer."
Segundo ele, a recuperação nesse
caso se torna quase impossível devido
ao alto custo.
E
o que podemos fazer? - A população
pode ajudar a diminuir o impacto da ação
do homem sobre os recursos hídricos,
economizando água em suas casas, como
fechando a torneira ao escovar os dentes e lavar
a louça, usar um balde, ao invés
de mangueira para lavar o carro, aproveitar
a água da lavadora de roupas para limpar
a calçada. Mas mais que isso, pode cobrar
dos governos uma política mais ágil
para evitar o desperdício e a destruição
das nascentes dos rios.
Há
projetos no país que visam a recuperação
e preservação desse recurso, mas
eles ainda são poucos e lentos. "Em
primeiro lugar, acho que chega de discussões
meramente legais, de disputas entre municípios,
estados e a união. Já temos projetos,
programas e promessas demais, falta agir e este
é o primeiro passo. Em segundo, iniciar
um pacto nacional pela preservação
e revitalização das nascentes
e bacias. Isto inclui revegetação,
regularização do uso e ocupação
do solo, despoluição e saneamento
básico", aponta Cortez.
Decênio
- A Assembléia geral da ONU adotou em
dezembro de 2003 que, de 22 de março
de 2005 até 22 de março de 2015
será o Decênio Internacional para
a Ação Água, fonte de vida.
O objetivo do decênio, segundo a OPAS
- Organização Pan Americana da
Saúde, será aprofundar as questões
relativas à água em todos os níveis
e a execução de programas e projetos
que tratem ao mesmo tempo de assegurar a participação
da mulher nos aspectos de desenvolvimento relacionados
com a água e promover a cooperação
para ajudar a alcançar os objetivos contidos
na Agenda 21 e na Declaração do
Milênio. (ambientebrasil - Neide
Campos com colaboração de Fabiana
Midhori)
Fonte:
Ambiente Brasil
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