Que
a poluição está sempre
presente nas águas da Baía de
Santos, no Estado de São Paulo, os pesquisadores
estão cansados de saber. Basta participar
de uma simples coleta nas águas do complexo
estuarino da região para perceber, pelo
olfato mesmo, que a situação não
é das melhores.
Mas
qual o impacto disso sobre a plataforma continental
adjacente? Os animais que vivem naquela área
geográfica estão contaminados?
Podem prejudicar a saúde humana? As substâncias
ficam depositadas no lodo ou seguem para o norte
ou para o sul?
Diante
de tantas questões, o Instituto Oceanográfico
(IO) da Universidade de São Paulo (USP),
por meio da coordenação da pesquisadora
Ana Maria Pires-Vanin, professora titular do
Departamento de Oceanografia Biológica
da instituição, resolveu montar
uma verdadeira força-tarefa.
Ao
longo do próximo ano, campanhas oceanográficas
vasculharão as águas em frente
à Baía de Santos atrás
de informações científicas.
Mais de 25 pesquisadores e 30 alunos estarão
envolvidos com o projeto.
“Os
resultados das pesquisas deverão definir
uma espécie de marco zero no comportamento
dos contaminantes na região de estudo”,
disse Ana Maria à Agência FAPESP.
Ela é a principal responsável
pelo início dos trabalhos do Projeto
Ecosan, como está sendo mais conhecida
a pesquisa multidisciplinar A Influência
do Complexo Estuarino da Baixada Santista sobre
o Ecossistema da Plataforma Adjacente. Todo
o trabalho terá um investimento público
da ordem de R$ 800 mil.
Os
quatro principais ramos da oceanografia –
biológico, físico, químico
e geológico – estarão representados
nas atividades do Ecosan. Na primeira saída
do navio oceanográfico Prof. W. Besnard,
em junho, centenas de coletas serão realizadas.
Tanto a água do mar como o sedimento
do fundo marinho serão coletados para
análise.
Pescas
de peixes e invertebrados também serão
realizadas. O objetivo é entender tanto
o comportamento dos fatores abióticos
como da fauna marinha frente à contaminação
proveniente da Baixada Santista.
“Nos
estudos de trofodinâmica, por exemplo,
conseguiremos saber qual o fluxo de matéria
orgânica no ecossistema investigado e
se existe influência de contaminantes
orgânicos e de metais pesados nessas teias
tróficas”, explica a pesquisadora
do IO.
Na
dinâmica trófica, por meio do estudo
de certos tipos de isótopos estáveis,
como é o caso do carbono 13/12 e nitrogênio
15/14, os cientistas conseguem descobrir se
há influência dos contaminantes
ao longo da cadeia alimentar. “É
possível saber também quais são
os elos dessa cadeia alimentar e quantos níveis
ela possui em cada local estudado, dentro da
baía e na plataforma contígua”,
disse.
Pelos
estudos já disponíveis na própria
USP, os pesquisadores do Ecosan trabalham com
uma hipótese sobre o caminho dos poluentes
que são lançados na Baixada Santista
e seguem para o Atlântico. “Nossa
suspeita é que eles vão em direção
ao litoral norte de São Paulo”,
explica Ana Maria.
Independentemente
ou não da confirmação dessa
tendência, uma coisa é certa: “Este
estudo será muito importante sob o ponto
de vista científico e ambiental. Existem
poucos trabalhos multi e interdisciplinares
como esse, principalmente sobre contaminação
de áreas intensamente urbanizadas, para
a região do Atlântico Sul”,
conta a responsável pelo projeto. (Eduardo
Geraque)
Fonte:
Agência Fapesp
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