São
Paulo - Atividades humanas estão
tendo um impacto meteórico sobre a biodiversidade
do planeta. Estudo publicado nesta sexta-feira
por pesquisadores britânicos indica que
71% das espécies de borboletas, 54% dos
pássaros e 28% das plantas da Grã-Bretanha
tiveram suas populações seriamente
reduzidas ou foram extintas nos últimos
40 anos.
Os
resultados reforçam a tese de que a Terra
está passando por um novo evento de extinção
em massa, semelhante ao de 65 milhões
de anos atrás, quando um meteoro atingiu
o planeta e aniquilou os dinossauros. Mas, diferente
dos eventos passados, causados por fatores naturais,
este é conseqüência direta
de milhares de anos de atividade humana.
“As
taxas de extinção ao longo dos
últimos séculos estão 200
vezes acima do normal”, disse Jeremy Thomas,
do Centro de Hidrologia e Ecologia, na Inglaterra.
“A maioria dos ecologistas aceita o fato
de que estamos nos aproximando dos níveis
das últimas cinco extinções
em massa.”
Estudo
completo - Usar os dados da Grã-Bretanha
– ilhas de clima temperado, com biodiversidade
pequena e sem espécies endêmicas
– para estimar a perda em escala mundial
pode parecer exagero. Mas, dizem especialistas,
faz sentido, já que os mecanismos de
impacto são iguais por todo o planeta:
destruição de habitat, poluição
e mudanças climáticas, principalmente.
O
estudo, publicado na Science, é apresentado
como um dos mais completos sobre o tema. A Grã-Bretanha
tem quase 100% de sua biodiversidade catalogada,
o que faz dela um laboratório perfeito
– e raro – para esse tipo de pesquisa.
40 anos - Os cientistas computaram
40 anos de observações de campo,
realizadas com ajuda de 20 mil voluntários,
sobre todas as espécies nativas de borboletas,
pássaros e plantas vasculares da ilha.
Um terço teve sua distribuição
geográfica reduzida, com vários
casos de extinção localizada e
alguns de total.
O
caso mais preocupante é o das borboletas,
que, por serem muito sensíveis, servem
de “termômetro” para diagnosticar
a saúde da biodiversidade. “A perda
significativa das borboletas britânicas
pode ser o presságio de declínios
semelhantes entre plantas e pássaros,
porque populações de insetos tipicamente
respondem mais depressa a mudanças ambientais
adversas.”