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Data
Impacto Ambiental
Ciência e Saúde
29/3/2004

Poluição pode ser pior para vida marinha que pesca, diz ONU
Alex Kirby
De Jeju (Coréia do Sul)

Águas oceânicas com alto índice de poluição em breve poderão ser mais prejudiciais para a vida marinha que a pesca predatória, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Unep, na sigla em inglês).

A entidade afirma que o excesso de nutrientes levados ao mar pelas águas dos rios, principalmente o nitrogênio usado como fertilizante na agricultura, está formando "zonas mortas" nos oceanos, pois estimula a reprodução excessiva das algas.

Segundo a Unep, desde os anos 60 o número de áreas marinhas pobres em oxigênio vem dobrando a cada década, enquanto a produção de nitrogênio pelo homem ultrapassou a de fontes naturais.

O estudo foi divulgado na abertura do encontro do conselho de governantes da Unep, que ocorre até a quarta-feira em Jeju, na Coréia do Sul.

Impacto - Cerca de 75% dos estoques de peixes e crustáceos do mundo já estão sendo consumidos mais rapidamente do que o desejável, mas a Unep diz que as "zonas mortas", que agora chegam a um total de 150 em todo o mundo, vão se provar uma ameaça ainda maior.

"A história e o padrão das perturbações causadas pelo ser humano nos ecossistemas terrestres e aquáticos nos levaram a um ponto em que a queda dos níveis de oxigênio pode ser a principal fonte do impacto sobre a vida marinha no século 21, substituindo o prejuízo causado pela pesca predatória no século 20", conclui o relatório, que se baseou em um estudo realizado pelo Instituto de Ciências Marinhas do Estado da Virgínia, nos Estados Unidos.

Segundo a Unep, ironicamente, o nitrogênio é um nutriente que está em falta em regiões onde é usado como fertilizante, principalmente na África.

Sufocamento - No mundo inteiro, cerca de 120 milhões de toneladas de nitrogênio são usadas a cada ano como fertilizante – mais de 90 milhões de toneladas produzidas naturalmente.

Desse total, apenas 20 milhões são retidos nos alimentos, enquanto o restante é levado pelos rios até o mar.

Isso leva a um excesso de reprodução de algas microscópicas que afundam no mar e se decompõem usando todo o oxigênio disponível e, assim, "sufocando" outros seres vivos marinhos.

"A humanidade está experimentando em todo o planeta o resultado do uso ineficiente e muitas vezes excessivo de fertilizantes, o despejo de esgoto não tratado e as crescentes emissões de gases poluentes", disse o diretor executivo da Unep, Klaus Töpfer.

"Centenas de milhões de pessoas dependem dos oceanos para se alimentar, viver e até para questões culturais. A menos que seja tomada uma atitude para combater as raízes do problema, ele é capaz de crescer rapidamente."

Exemplo do Reno - Muitas das "zonas mortas" têm menos de um quilômetro quadrado de área, enquanto outras chegam a 70 mil quilômetros quadrados, como é o caso dos mares Báltico e Negro e de algumas partes do Adriático.

Uma das mais conhecidas é a do Golfo do México, afetada por nutrientes levados até ali pelo rio Mississippi.

Outras zonas também foram registradas próximas à América do Sul, ao Japão, China, Austrália e Nova Zelândia. Algumas delas só aparecem ocasionalmente, enquanto outras em uma freqüência anual.

A Unep diz que reduzir o despejo de nitrogênio pode melhorar a situação dos mares e citou o exemplo do que ocorreu no rio Reno, em que todos os países cortados por ele assinaram um pacto que fez cair em 37% a quantidade de nitrogênio lançada no Mar do Norte.

Outras soluções seriam usar menos fertilizantes, limpar com mais freqüência os filtros usados nas fábricas e usar terrenos florestais para "absorver" o excesso de nitrogênio.

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