A
entidade afirma que o excesso de nutrientes
levados ao mar pelas águas dos rios,
principalmente o nitrogênio usado como
fertilizante na agricultura, está formando
"zonas mortas" nos oceanos, pois estimula
a reprodução excessiva das algas.
Segundo
a Unep, desde os anos 60 o número de
áreas marinhas pobres em oxigênio
vem dobrando a cada década, enquanto
a produção de nitrogênio
pelo homem ultrapassou a de fontes naturais.
O
estudo foi divulgado na abertura do encontro
do conselho de governantes da Unep, que ocorre
até a quarta-feira em Jeju, na Coréia
do Sul.
Impacto
- Cerca de 75% dos estoques de peixes e crustáceos
do mundo já estão sendo consumidos
mais rapidamente do que o desejável,
mas a Unep diz que as "zonas mortas",
que agora chegam a um total de 150 em todo o
mundo, vão se provar uma ameaça
ainda maior.
"A
história e o padrão das perturbações
causadas pelo ser humano nos ecossistemas terrestres
e aquáticos nos levaram a um ponto em
que a queda dos níveis de oxigênio
pode ser a principal fonte do impacto sobre
a vida marinha no século 21, substituindo
o prejuízo causado pela pesca predatória
no século 20", conclui o relatório,
que se baseou em um estudo realizado pelo Instituto
de Ciências Marinhas do Estado da Virgínia,
nos Estados Unidos.
Segundo
a Unep, ironicamente, o nitrogênio é
um nutriente que está em falta em regiões
onde é usado como fertilizante, principalmente
na África.
Sufocamento
- No mundo inteiro, cerca de 120 milhões
de toneladas de nitrogênio são
usadas a cada ano como fertilizante –
mais de 90 milhões de toneladas produzidas
naturalmente.
Desse
total, apenas 20 milhões são retidos
nos alimentos, enquanto o restante é
levado pelos rios até o mar.
Isso
leva a um excesso de reprodução
de algas microscópicas que afundam no
mar e se decompõem usando todo o oxigênio
disponível e, assim, "sufocando"
outros seres vivos marinhos.
"A
humanidade está experimentando em todo
o planeta o resultado do uso ineficiente e muitas
vezes excessivo de fertilizantes, o despejo
de esgoto não tratado e as crescentes
emissões de gases poluentes", disse
o diretor executivo da Unep, Klaus Töpfer.
"Centenas
de milhões de pessoas dependem dos oceanos
para se alimentar, viver e até para questões
culturais. A menos que seja tomada uma atitude
para combater as raízes do problema,
ele é capaz de crescer rapidamente."
Exemplo
do Reno - Muitas das "zonas mortas"
têm menos de um quilômetro quadrado
de área, enquanto outras chegam a 70
mil quilômetros quadrados, como é
o caso dos mares Báltico e Negro e de
algumas partes do Adriático.
Uma
das mais conhecidas é a do Golfo do México,
afetada por nutrientes levados até ali
pelo rio Mississippi.
Outras
zonas também foram registradas próximas
à América do Sul, ao Japão,
China, Austrália e Nova Zelândia.
Algumas delas só aparecem ocasionalmente,
enquanto outras em uma freqüência
anual.
A
Unep diz que reduzir o despejo de nitrogênio
pode melhorar a situação dos mares
e citou o exemplo do que ocorreu no rio Reno,
em que todos os países cortados por ele
assinaram um pacto que fez cair em 37% a quantidade
de nitrogênio lançada no Mar do
Norte.
Outras
soluções seriam usar menos fertilizantes,
limpar com mais freqüência os filtros
usados nas fábricas e usar terrenos florestais
para "absorver" o excesso de nitrogênio.