Segundo
pesquisa da UFPE, dos 850 hectares de mangue
ocupados por fazendas de camarão implantadas
em Pernambuco entre 1990 e 2000, 525 sofreram
desmatamento ou apresentaram redução
de espécies
Levantamento
realizado pelo sociólogo Cristiano Ramalho
aponta que as fazendas de camarão implantadas
em Pernambuco entre 1990 e 2000 provocaram impacto
ambiental em 525 hectares de mangue.
A
carcinicultura, segundo a pesquisa, ocupa 850
hectares da região costeira do Estado,
divididos em sua maioria entre cinco grandes
empreendimentos.
"Desses,
525 sofreram desmatamento ou redução",
diz Ramalho, que estudou o assunto para sua
dissertação de mestrado em Sociologia
pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
As
estimativas de Ramalho se baseiam nos projetos
de carcinicultura licenciados pela Agência
Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH). "Somei
a área dos empreendimentos e analisei
os projetos", conta.
Em
Itapissuma, no Litoral Norte, um único
empreendimento ocupa 300 hectares de área
estuarina.
De
acordo com o pesquisador, a destruição
do mangue e a poluição do estuário
pelos dejetos dos viveiros geram impactos sobre
a pesca.
"O
manguezal é o berçário
de muitas espécies de peixes, moluscos
e crustáceos. Qualquer alteração
nele vai interferir na cadeia alimentar",
esclarece.
As
estatísticas sobre a produção
pesqueira no Estado, na avaliação
de Ramalho, comprovam a hipótese. "Em
1969, a produção pesqueira em
Pernambuco foi de 6,8 toneladas/ano. Em 1999,
caiu para 5,3 toneladas", cita.
O
sociólogo comenta que as fazendas de
camarão geram emprego e renda. "Mas
é preciso avaliar se os impactos sobre
a pesca artesanal, que só no Canal de
Santa Cruz emprega mais de 3 mil pessoas, compensam."