UERJ
Projetos Cursos Publicações Serviços Fórum Teses Em Revista
Mapa do site Videoteca Home
Índice das matérias.
Voltar à página principal





Assunto
Editoria
Data
Biodiversidade
Ciência
10/3/2004

Aumento do CO2 afeta o equilíbrio da selva amazônica

da France Presse, em Paris (França)


O aumento da concentração de CO2 (gás carbônico) na atmosfera modifica dramaticamente o equilíbrio natural das árvores da floresta amazônica, uma das principais reservas de biodiversidade do planeta, segundo uma pesquisa cujos resultados foram publicados pela revista britânica Nature.

Uma equipe de cientistas brasileiros e americanos estudou, de 1980 a 2000, o crescimento de 14.000 árvores dispersas numa área de 300 km2 na zona central da floresta amazônica. Cada árvore foi cuidadosamente marcada e medida com 15 anos de intervalo em média.

As árvores absorvem o gás carbônico no processo de fotossíntese e inúmeros estudos mostram um crescimento maior das florestas sob o efeito de um aumento do CO2.

Mas esse crescimento não é uniforme, revela a pesquisa. Das 115 espécies mais abundantes na zona estudada, 27 registraram mudanças importantes na densidade populacional e em sua extensão territorial. Treze espécies aumentaram em número, enquanto 14 diminuíram e 14 espécies aumentaram sua extensão territorial, para 13 que perderam terreno.

"Evidentemente, há vencedores e perdedores", comenta Alexandre Oliveira, da Universidade de São Paulo, no comunicado que acompanha a matéria da Nature. "No geral, as grandes árvores de crescimento rápido saem vencendo em detrimento das árvores menores, que vivem nas zonas mais sombrias da floresta".

Segundo os cientistas, a concentração de CO2 acarreta uma competição mais acirrada pela luz, água e nutrientes da terra, na qual acabam favorecidas as árvores mais rápidas em detrimento das mais lentas e menores.

Este retrocesso das árvores menores, as únicas capazes de florescer e reproduzir-se à sombra das maiores, é preocupante, já que delas dependem inúmeras outras espécies de animais e vegetais.

William Laurance, do Instituto Smithsoniano de Pesquisa Tropical do Panamá e do Instituto de Pesquisa Amazônica de Manaus, que dirigiu o estudo, assinala que "é aterrador comprovar mudanças tão rápidas e tão grandes na floresta".

"A floresta tropical abriga inúmeras espécies muito especializadas. Se a diversidade dessas árvores for modificada, as espécies que vivem nesse habitat e, em particular, os insetos que polinizam as árvores mudarão também", acrescenta o cientista.

A concentração de CO2 na atmosfera aumentou 30% nos últimos dois séculos por causa da utilização intensiva de energias fósseis (carvão, petróleo, gás) pelo homem.

Além das repercussões sobre a biodiversidade, as modificações assinaladas no estudo podem ter conseqüências graves para a mudança climática no planeta. De fato, a floresta amazônica desempenha um papel de escoadouro de gás carbônico vital para o planeta, pois armazena o CO2 nas árvores em crescimento.

"O armazenamento de CO2 poderá diminuir por causa da tendência das árvores altas em reduzir sua densidade, enquanto aumentam seu tamanho e seu crescimento e diminuem as árvores de madeira densa que vivem sob a abóbada florestal", assinalam os autores.

Receba este e outros assuntos por e-mail

Clique aqui para se cadastrar

Caso você não utilize nenhum gerenciador de e-mail, como o Microsoft Outlook Express ou o Netscape Messenger, envie uma mensagem para ambiente@uerj.br com o assunto Cadastramento de e-mail.

UERJ em Rede no Meio Ambiente
Núcleo de Referência em Educação Ambiental - Nuredam