Agência
FAPESP - Um ônibus movido a biodiesel
está em circulação no campus
da Universidade de São Paulo (USP), em
Ribeirão Preto. O veículo, que
está servindo à comunidade, foi
adquirido com recursos da Coordenadoria de Administração
Geral da USP (Codage) e será abastecido
pelo Laboratório de Desenvolvimento de
Tecnologias Limpas (Ladetel).
“A
principal vantagem do biodiesel é a redução
dos poluentes emitidos na atmosfera. Há
uma diminuição significativa de
material particulado, incluindo o gás
carbônico (CO2), principal causador do
efeito estufa. A fumaça preta desaparece
completamente”, disse o coordenador do
Ladetel, Miguel Dabdoub, em entrevista à
Agência FAPESP.
Os
estudos verificaram também uma grande
influência positiva na saúde pública.
Segundo Dabdoub, aproximadamente 6% das mortes
registradas apenas na cidade de São Paulo,
por exemplo, têm relação
com a poluição ambiental. “Desse
número, a grande maioria é provocada
pelas fontes móveis, como ônibus,
caminhões e carros. A poluição
pela gasolina ou diesel causa rinite alérgica,
bronquite crônica, ataques de asma e até
câncer de pulmão. Com o biodiesel,
há um grande benefício na saúde
pública”, disse Dabdoub, que é
também presidente da Câmara Setorial
dos Biocombustíveis do Estado de São
Paulo.
Outra
vantagem aparente do biodiesel, do ponto de
vista econômico, é a adoção
de uma alternativa totalmente nacional, que
poderá substituir, de forma parcial,
o diesel proveniente do petróleo. “Cerca
de 17% do diesel utilizado no Brasil é
importado. O biodiesel poderá substituir
parte dessa importação, causando
benefícios na balança comercial
brasileira”, acredita Dabdoub.
O
biodiesel testato na USP é um combustível
100% renovável, uma vez que é
produzido com álcool de cana-de-açúcar
(etanol), com a adição de óleos
vegetais como soja, girassol ou dendê.
Os catalisadores desenvolvidos no Ladetel permitem
que todo o óleo que entra no processo
de produção se transforme em biodiesel.
Segundo
Dabdoub, em breve deverá ser inaugurado
o primeiro posto de abastecimento de biodiesel
do país, também em Ribeirão
Preto, que ficará encarregado de abastecer
os veículos de testes do BiodieselBrasil.
Trata-se de um projeto responsável pelo
abastecimento de uma frota de caminhões
da cidade do interior paulista e de alguns trens
da malha ferroviária do Sul do país,
além de movimentar automóveis
e uma frota de tratores da Universidade Estadual
Paulista (Unesp), em Jaboticabal.
O
novo ônibus circular do campus da USP
em Ribeirão Preto, que também
está adaptado para o transporte de deficientes
físicos, faz parte do programa de testes
veiculares com biodiesel realizado pelo Ladetel,
sob a coordenação de Dabdoub.
Além do ônibus, os pesquisadores
estão testando o combustível em
carros, caminhões, tratores, geradores
de energia elétrica e até em locomotivas.
A prefeitura do campus pretende investir para
que toda a sua frota de veículos seja
movida pelo combustível alternativo.
“O
volume de diesel de petróleo consumido
atualmente, apenas no campus de Ribeirão
Preto, é de cerca de 8 mil litros por
mês. Estamos realizando os testes no Ladetel
para que esta nova tecnologia possa ser expandida
para todos os campus da USP e, posteriormente,
para a utilização comercial em
grandes cidades brasileiras”, disse Dabdoub.