Reacende
a esperança dos surfistas de conseguirem
praticar o esporte em ondas perfeitas no Rio.
A diretora da Coppe/UFRJ, Angela Uller, e o
presidente da Fundação Rio Águas,
Alexandre Pinto, assinaram ontem um termo de
compromisso para a elaboração
de um projeto visando a construção
de um fundo artificial na Praia da Macumba,
no Recreio. A idéia é criar ali
o primeiro surfódromo brasileiro. Segundo
Durval Mello, chefe de gabinete da Rio Águas,
o fundo artificial também tem por objetivo
conter o processo de erosão na Praia
da Macumba.
O
projeto levará quatro meses para ficar
pronto. Mas a equipe da área de engenharia
costeira da Coppe não partirá
do zero. Embora os cálculos tenham de
ser refeitos, estudos preliminares do grupo
indicam que o fundo artificial deve ser de concreto,
ter a forma de uma pirâmide, situar-se
a 150 metros da praia e ficar submerso entre
um e sete metros.
—
Queremos criar na Macumba ondas como as da Indonésia,
não tão altas quanto às
do Havaí, mas perfeitas para o surfe.
Temos, porém, que harmonizar o surfódromo
com a praia — diz engenheiro e surfista
Luiz Guilherme Aguiar, que faz parte do grupo
de estudo.
Quebra-mar
não vai interferir com surfódromo
- A
idéia é que sejam criadas duas
raias de surfe. Pelos estudos iniciais, a onda
perfeita da Macumba teria 300 metros de extensão.
O modo de arrebentação seria tubular
e a velocidade do surfista equivalente a 30
quilômetros por hora. Ondas de um metro
(a média do lugar) poderiam dobrar de
tamanho.
Para
a professora da Coppe Enise Valentini, coordenadora
do estudo, a Macumba é um dos locais
ideais para a instalação de um
surfódromo, apresentando boa freqüência
de ondas:
—
O que limita o desenvolvimento do surfista é
a qualidade da arrebentação das
ondas. Apesar da boa freqüência de
ondulações, os fundos de areia
típicos do litoral carioca não
favorecem uma arrebentação muito
apropriada para o surfe, quebrando-se rapidamente
— acrescenta.
Segundo
o professor da Coppe Paulo Rosman, não
haverá interferência entre o quebra-mar
que a Superintendência de Rios e Lagoas
(Serla) pretende construir ao longo do Canal
de Sernambetiba e o surfódromo:
—
O quebra-mar vai ficar a uma distância
de cerca de 200 metros do surfódromo.
Serão criados dois points distintos de
surfe. O do quebra-mar dependerá do ângulo
da onda. Terá de ser de Sul e Sudoeste.
Já o surfódromo dará sempre
onda perfeita, independentemente do ângulo
— explica.
Depois
de concluído o projeto que fixará
os parâmetros básicos do surfódromo,
será necessário ainda fazer o
detalhamento de toda a obra, para que ela possa
ser licitada. O presidente da Rio Águas,
Alexandre Pinto, diz que há interesse
de a prefeitura realizar a obra:
—
Esperamos desenvolver o potencial turístico
da Praia da Macumba
A
idéia do surfódromo na Praia da
Macumba foi recebida com entusiasmo por surfistas,
como Marcelo Andrade.
—
Com fundos artificiais de qualidade para o surfe
vamos trazer eventos internacionais e melhorar
a imagem da cidade. Teremos a formação
de ondas perfeitas e um point de surf de qualidade
internacional. Além disso, há
o aspecto social. Ao melhorarmos a qualidade
da onda, vamos incentivar a prática do
esporte.
O
surfista Rico de Souza, que tem escolinhas de
surf nas praias da Macumba e da Barra, também
elogiou a idéia. Ele conta que há
pelo menos 500 mil surfistas no estado.
—
Podemos exportar esse projeto para outros estados
brasileiros. A Praia da Macumba é excelente
para a prática do surf. Lá se
pega todos os tipos de swell (ondulações).
É uma praia boa tanto para long board
(pranchão) como para prancha comum —
disse ele.
O
ex-campeão de surfe Daniel Friedman lembra
que o esporte tem crescido muito no Brasil:
—
Esse é um esporte com potencial grande
no Brasil.