Agência
Fapesp - Não houve discordância.
O discurso da ministra do Meio Ambiente Marina
Silva na manhã de terça-feira
(27/7), na abertura da 3ª Conferência
Científica do LBA (Experimento de Grande
Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia),
em Brasília, não apenas encontrou
eco na comunidade científica como até
entre as organizações não-governamentais.
“Existe
uma ausência de estado na Amazônia.
Por isso, entre outros pontos, precisamos agir
na organização territorial do
espaço da região”, disse
Marina. Segundo ela, os problemas relacionados
com o desmatamento da floresta, e também
com as queimadas, são gravíssimos,
“ e precisam ser combatidos a qualquer
custo”.
Dentro
da visão sistêmica e abrangente
que a ministra tem das políticas públicas
para a região está o estreitamento
das relações com a comunidade
científica e, mais especificamente, com
os pesquisadores do LBA.
“Temos
conhecimentos científicos suficientes
para ajudar no desenvolvimento de políticas
públicas para a Amazônia, mas é
claro que nós, como cientistas, ainda
temos que aprender como fazer isso”, disse
Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional
de Pesquisas Especiais (Inpe) e diretor científico
do LBA, à Agência FAPESP.
No
último dia 23, dentro das atividades
que antecederam a conferência científica,
foi realizado um primeiro encontro entre pesquisadores
e políticos de diversas esferas de governo.
O objetivo principal foi a troca de informações
para que novas ações possam ser
implantadas no cotidiano amazônico. “O
pontapé inicial foi positivo. A próprio
ministra do Meio Ambiente disse que pretende
fazer uma nova rodada de discussões em
breve”, revelou Nobre.
Mas,
ao deixar os gabinetes e partir para o mundo
real, os discursos do governo, da comunidade
científica e das ONGs começam
a se diferenciar. Enquanto Marina Silva afirmou
que a pavimentação da estrada
que liga Cuiabá e Santarém (BR-163),
no coração da floresta, está
sendo feito dentro dos princípios do
Plano da Amazônia Sustentável,
muitos ambientalistas torceram o nariz.
“Temos
que criar condições objetivas
para que o impacto seja o menor possível”,
disse Marina. Para o ministério, o asfaltamento
da estrada é uma ação emergencial,
que precisa ser feito para ajudar no desenvolvimento
econômico da região.
De
acordo com Nobre, o maior desafio em termos
globais está posto: “Como fazer
o desenvolvimento científico gerar políticas
públicas, melhorando a qualidade de vida
do povo amazônico e preservando o meio
ambiente? Essa é uma pergunta que temos
que responder.”
Se
nada for feito, ou se a situação
piorar, os cenários previstos pelos cientistas,
e apresentados ontem no primeiro dia da conferência,
é certo. “Se levarmos em conta
apenas o aquecimento global, corremos o risco
de termos até 60% da Amazônia savanizada
em 50 a 100 anos”, afirmou Nobre. Eduardo
Geraque, de Brasília
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