A
USP - Universidade de São Paulo está
desenvolvendo em parceria com Votorantim Celulose
e Papel um projeto para quantificar os ciclos
de carbono e água em florestas naturais
e florestas plantadas de reflorestamento (eucalipto).
O projeto é coordenado pelo professor
Humberto Ribeiro da Rocha, do Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas
da Universidade de São Paulo, e envolve
especialistas de diversas áreas, como
biólogos, hidrólogos, engenheiros
florestais e meteorologistas. Pesquisadores
da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna,
SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
participam desse projeto.
O
trabalho pretende compreender de forma quantitativa
o ciclo funcional das florestas, o impacto das
mudanças de uso da terra, e a elaboração
de modelos físico-matemáticos
verificando como se procedem as trocas de carbono
e água do sistema solo-vegetação
com a atmosfera e a hidrosfera (rios e água
subterrânea).
Os
estudos envolvendo simultaneamente os ciclos
de carbono e água são inéditos
na América Latina e têm previsão
de duração de cinco anos. A floresta
natural estudada é a Gleba Pé
de Gigante, uma área estadual de Cerrado,
no interior de São Paulo, administrada
pelo Instituto Florestal da Secretaria do Meio
Ambiente.
Osvaldo
Cabral, pesquisador da Embrapa, explica que
serão medidos os fluxos de CO2 e a evapotranspiração,
que é a evaporação do solo
e a transpiração das plantas.
Serão analisadas três tipos de
ocupações: uma área com
cultivo de eucalipto; uma área de cerrado
nativa e uma área com cana-de-açúcar.
Essa análise tem dupla finalidade. A
primeira é poder simular esses dados
em modelos matemáticos de crescimento
e a segunda é a questão da sustentabilidade
dos sistemas (comparação), explica
o pesquisador. A previsibilidade é importante,
pois permite que se enxergue quais as melhores
formas de se manter a sustentabilidade de produção
e oferta de recursos hídricos.
Em
cenários adversos, como eventos climáticos
extremos, mudanças de uso da terra com
manejo inadequado, os impactos podem ser previstos
e os riscos calculados. Com isso, os estudos
poderão apontar quais métodos
podem ser empregados para que conceitos como
integridade e sustentabilidade do ecossistema
sejam atingidos.
Será
uma investigação para indicar
alternativas de mitigação do aquecimento
global e da redução da escassez
de água. Vinculado à questão
do carbono, a utilização e oferta
de água é o outro tema principal
do estudo, contemplando as externalidades ambientais
da remoção de carbono de forma
conjunta.
A
participação da Votorantim no
projeto, em Luiz Antonio (SP), será a
área de estudos concentrados sobre o
agroecossistema eucalipto. Trata-se de uma região
manejada com eucalipto há várias
décadas, que tem um sistema de manejo
com alta produtividade agrícola.
Estão
envolvidas nas pesquisas o Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas
da USP e a Esalq, Piracicaba, a Embrapa Meio
Ambiente, o Departamento de Águas e Energia
Elétrica de São Paulo, a Instituto
de Botânica, da Secretaria do Meio Ambiente
e o Centro de Previsão do Tempo e Estudos
Climáticos.
A
Gleba Pé de Gigante foi escolhida pelas
referências ou linhas de base que são
parâmetros fundamentais em estudos de
sustentabilidade e impacto ambiental. O Sudeste
do Brasil foi em grande parte coberto por vegetação
de Cerrado restrito e Floresta Mata Atlântica
do interior, as quais hoje apenas restam pequenos
fragmentos. A Gleba Pé de Gigante é
a maior reserva de Cerrado Restrito, na forma
de área contígua, no Sudeste do
Brasil. Situa-se próxima ao grande pólo
canavieiro no norte do estado, e de áreas
de eucalipto nas cercanias. Como ela foi extensivamente
estudada por biólogos e ecólogos
da USP, tem-se um grande conhecimento da funcionalidade
ecofisiológica do Cerrado, o que será
um excelente elemento de comparação,
explica Humberto. Embrapa Meio Ambiente