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Vida Marinha
Ciência e Meio Ambiente
16/7/2004

Oceano absorve 48% do CO2 lançado no ar

Descoberta esclarece destino de parte do dióxido de carbono produzido na Terra e aponta riscos à vida marinha

São Paulo - De 1800 a 1994, a quantidade de dióxido de carbono (C02) jogada na atmosfera por combustíveis fósseis e pela produção de cimento, o chamado C02 antropogênico, aumentou 35%, mas a quantidade estimada por cálculos deveria ser basicamente o dobro. Então, onde foi parar essa outra metade que foi arremessada no ar, mas não está lá?

"Os oceanos absorveram 48% do C02 emitido por nós para a atmosfera nos últimos 200 anos" é a resposta dada por Christopher Sabine, do National Oceanic Atmospheric Administration (Noaa) principal autor de artigo sobre o tema publicado na revista Science (www.sciencemag.org).

No estudo, os cientistas analisaram dados de três projetos de pesquisa dos anos 90 - World Ocean Circulation Experiment (Woce), Joint Global Ocean Flux Study (JGOFS) e Ocean-Atmosphere Carbon Exchange Study (Oaces) - e chegaram a essa conclusão.

Mais do que se pensava - "Os resultados estão entre os mais intrigantes levantados pelos programas Woce e JGOFS", diz James Yodero, diretor da divisão de oceanos da Fundação Nacional da Ciência Americana (NSF).

A pesquisa aumenta ainda mais a porcentagem estimada de C02 absorvida pelos oceanos. "A previsão de 2001 era de que havia entre 30% e 40% de C02 antropogênico dissolvido nos oceanos", afirma a professora Rosane Ito, especialista em gases dissolvidos nos oceanos do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Risco a espécies - Em outro artigo publicado na revista, Richard Feely, do Noaa, e colegas falam do impacto causado pelo C02 em espécies marinhas que necessitam de suas conchas para viver.

Segundo Victoria Fabry, bióloga da Universidade Estadual da Califórnia em San Marcos e co-autora do artigo, com o aumento do C02 haverá uma diminuição na taxa de crescimento dos esqueletos de plâncton calcário.

Calcificação e acidez - Estudos recentes mostram que a taxa de calcificação das conchas podem cair entre 25% e 45% se a concentração de C02 chegar a 800 partes por milhão (ppm) na atmosfera - hoje estamos no patamar de 380 ppm.

O aumento de acidez no oceano, causa da perda de calcificação das conchas, causará também outra mudança drástica. "Ela vai modificar a biodiversidade dos oceanos, pois peixes que vivem em uma acidez não sobrevivem em outra e vice-versa. Espécies vão aparecer em certas regiões e outras vão desaparecer", comenta Rosane.

Limites de absorção - Os oceanos, no entanto, não são sorvedouros infinitos de C02. "Em centenas de milhares de anos, os oceanos deverão absorver 90% das emissões antropogênicas de C02" mas, por causa de outro mecanismo, no curto prazo o oceano pode perder sua capacidade de absorver C02, segundo os autores.

Eles propõem mais estudos para identificar e entender quantitativamente esses mecanismos para que seja possível saber qual será o papel dos oceanos como armazenadores de C02 no futuro.

Capacidades por região - Os oceanos também mostraram ter diferentes capacidades de armazenamento. O Atlântico Norte, por exemplo, tem 23% de C02, embora tenha só 15% da área total de oceano no mundo.

E também a distribuição de C02 em relação à profundidade é diversa. "50% do C02 antropogênico está na camada mais superficial dos oceanos", afirma Sabine no artigo.

O trabalho reuniu pesquisadores dos Estados Unidos, Coréia do Sul, Austrália, Canadá, Japão, Espanha e Alemanha e mediu também temperatura, salinidade, oxigênio, nutrientes e outros compostos no oceano. Independentemente das previsões e precisões, é bom cuidar do acúmulo, pois os efeitos serão drásticos. Alessandro Greco

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