Uma
grande queda na quantidade de dióxido
de carbono na atmosfera terrestre foi o fator
desencadeador do processo que deu origem às
folhas das plantas. A teoria, que vem sendo
discutida há tempos por geólogos,
acaba de receber uma importante contribuição
de um novo estudo.
A
pesquisa foi feita por cientistas das universidades
de Sheffield e de Londres, na Inglaterra, e
está sendo publicado na edição
de 6 de julho da Proceedings of the National
Academy of Sciences (PNAS).
O
declínio do CO2 teria ocorrido na Era
Paleozóica, de 540 milhões de
anos a 250 milhões de anos atrás.
Embora os pré-requisitos genéticos
para o desenvolvimento de folhas tenham se manifestado
há 400 milhões de anos, tais órgãos
nas plantas terrestres levaram pelo menos mais
20 milhões para dar as caras. Foi apenas
50 milhões de anos após o surgimento
das plantas vasculares que as folhas se tornaram
comuns.
Uma
possível explicação para
o misterioso atraso, explorado no estudo liderado
pelo inglês David Beerling, é a
ocorrência de altos níveis de CO2.
Plantas absorvem a molécula, que é
essencial para o processo de fotossíntese,
por meio de poros chamados estômatos.
O vapor de água também escapa
por essas pequenas aberturas, produzindo uma
queda de temperatura.
De
acordo com os cientistas, como os níveis
de dióxido de carbono eram elevados quando
as primeiras plantas terrestres surgiram, essas
precisavam de menos estômatos. A falta
de poros, entretanto, limitava o processo de
resfriamento das plantas. Por isso, as folhas,
que absorveriam quantidades maiores de energia
solar do que outras estruturas das plantas,
poderiam levar tais estruturas a um superaquecimento.
Quando o nível de CO2 no planeta caiu,
o número de estômatos cresceu,
o que levou a uma maior capacidade de resfriamento
e permitiu o surgimento de folhas.
Para
verificar a teoria, os cientistas britânicos
examinaram 300 fósseis de plantas, de
uma ampla variedade de espécies. O estudo
mostrou que a média do tamanho das folhas
aumentou em 25 vezes no período de 340
milhões a 380 milhões de anos
atrás. Foi exatamente nesse intervalo
que caiu o nível de CO2. Em duas das
espécies, os pesquisadores determinaram
que o aumento repentino no tamanho das folhas
coincidiu com uma elevação de
oito vezes no número de estômatos.
“Os
resultados encontrados indicam que a queda nos
níveis de CO2 pode ter levantado uma
barreira, permitindo a evolução
das folhas da mesma forma que o aumento de oxigênio
levou à explosão dos invertebrados
no Período Cambriano”, concluíram
os autores.
O
artigo Biophysical constraints on the origin
of leaves inferred from the fossil record é
assinado por C. P. Osborne, D. J. Beerling,
B. H. Lomax e W. G. Chaloner. Pode ser lido
no site da PNAS: www.pnas.org