Agência
Fapesp - Antes de começar a
ser destruído, o Cerrado brasileiro tinha
204 milhões de hectares. Hoje, 57% desse
total não existe mais. O problema é
ainda maior porque a taxa de devastação
da cobertura vegetal desse bioma continua extremamente
alta. Segundo um estudo publicado na semana
passada pela Conservation International do Brasil
(CI), o equivalente a 2,6 campos de futebol
desaparecem a cada minuto.
“Infelizmente, acredito
nesses números e nas dramáticas
previsões que foram feitas”, disse
a engenheira florestal Giselda Durigan, pesquisadora
do Instituto Florestal do Estado de São
Paulo, à Agência FAPESP. Pelos
cálculos da CI, se o ritmo de destruição
se mantiver, os 43% do Cerrado que ainda estão
de pé podem desaparecer até 2030.
Para Giselda, o Cerrado não
tem o tratamento que merece do ponto de vista
da conservação ambiental, seja
por parte do governo ou das entidades ambientais.
“É como se o bioma, por ter apenas
árvores pequenas e esparsas, não
precisasse ser protegido da mesma forma que
as florestas.”
O mapeamento dos ambientalistas
mostra que a degradação da cobertura
vegetal do Cerrado é maior nos Estados
do Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso.
Focos importantes de devastação
podem ser encontrados ainda no Triângulo
Mineiro e no oeste da Bahia.
“As ameaças mais
sérias são mesmo a expansão
da fronteira agrícola, principalmente
com a soja, e a evolução tecnológica
da formação de pastagens”,
explica Giselda. A engenheira florestal, que
também participa de vários projetos
ligados ao Programa Biota/FAPESP, conta que
o fogo, mesmo freqüente, é muito
menos ameaçador a curto prazo. “Além
da invasão em massa por plantas do gênero
Brachiaria, agora existem equipamentos capazes
de destruir as estruturas subterrâneas
das plantas do cerrado para impedir que elas
rebrotem.”
Na
opinião da pesquisadora paulista, que
além da experiência científica
tem vários anos de contato com os proprietários
rurais da região, a única forma
de deter a destruição do bioma
ameaçado é a remuneração
da conservação. “O Cerrado
assegura a proteção de mananciais,
recarga do Aqüífero Guarani e proteção
da diversidade biológica. Não
é socialmente justo que o proprietário
rural arque sozinho com os custos da conservação”,
afirma.
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