São
Paulo - Um grande banco público
de dados será inaugurado nas próximas
semanas reunindo todo o conhecimento científico
e socioeconômico disponível sobre
o bioma da caatinga, que cobre 70% da área
do Nordeste. O objetivo principal do banco é
servir como instrumento de políticas
públicas para o desenvolvimento sustentável.
"Antes
de fazer qualquer coisa, precisamos ter conhecimento",
diz a presidente do Conselho Nacional da Reserva
da Biosfera da Caatinga e secretária-executiva
do Meio Ambiente de Pernambuco, Alexandrina
Sobreira. "Tínhamos muita informação,
mas todas elas desagregadas."
Segundo
ela, é a primeira vez que um projeto
desse tipo trabalha com o bioma, e não
com a região. "A caatinga é
subconsiderada em muitas políticas públicas.
É hora de chamarmos a atenção
para o bioma com dados, não só
pela sua beleza ou pobreza."
O
Banco de Dados para o Bioma Caatinga, com 40
gigabytes, deve ser lançado no início
de setembro. Dois grupos iniciais estão
sendo treinados para usar o serviço,
que combina uma variedade de textos, mapas e
tabelas com dados socioeconômicos, culturais,
geográficos e ambientais - desde um cadastro
de poços artesianos até um catálogo
de espécies vegetais e animais.
Só
de mamíferos são 148, das quais
10 só existem na caatinga.
Segundo
o pesquisador José Maria Cardoso da Silva,
a caatinga é um bioma cercado de mitos,
que só agora estão sendo derrubados.
"Pensava-se que era um ecossistema homogêneo,
pobre em espécies e pouco alterado pelo
homem. Mas não é nada disso",
afirma Silva, vice-presidente da organização
Conservação Internacional e co-editor
de dois grandes livros sobre a caatinga.
Estima-se
que 400 mil hectares são desmatados anualmente
no bioma.
O
banco de dados é resultado de uma parceria
entre a Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Meio Ambiente de Pernambuco, o Ministério
do Meio Ambiente e o conselho nacional da biosfera.
Herton
Escobar
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