Cuiabá
- O Brasil só poderá
reduzir suas emissões de dióxido
de carbono (CO2) se diminuir o desmatamento
de suas florestas. A declaração
foi feita pelo meteorologista Carlos Nobre,
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), durante o simpósio Gás
Carbônico, Florestas e Aquecimento Global
- Crédito de Carbono, apresentado na
segunda-feira na 56.ª Reunião Anual
da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC).
Segundo
Nobre, o desmatamento e as queimadas no Brasil
são responsáveis pela emissão
de algo entre 200 e 300 milhões de toneladas
de CO2 por ano.
Em
comparação, todas as demais emissões
brasileiras - queima de combustíveis
fósseis, usinas termelétricas
e outras formas de geração de
energia - chegam a algo entre 80 milhões
e 90 milhões de toneladas, o que representa
1,5% do total mundial, que é de 6,5 bilhões
de toneladas por ano.
"A
matriz energética do Brasil é
limpa", disse Nobre. "Além
disso, a população consome pouca
energia. Então, será muito difícil
o Brasil diminuir suas emissões de carbono
por esse caminho. A alternativa mais viável,
com a qual a redução poderá
ser significativa, é diminuir o desmatamento."
Mudanças
climáticas - Nobre também falou
sobre possíveis cenários climáticos
para o ano de 2100. Segundo ele, citando estudos
internacionais, se o nível mundial de
emissões de dióxido de carbono
continuar como hoje ao longo do deste século,
em 2100 a temperatura média do planeta,
que hoje é de 15,7ºC, poderá
estar de 2 a 6 graus mais alta.
"Hoje
a concentração de CO2 na atmosfera
terrestre é de 280 partes por milhão",
explicou. "Se o nível de emissões
continuar o mesmo, em cem anos esse valor terá
saltado para 880 partes por milhão. As
conseqüências serão um clima
mais quente, mudança no regime de chuvas
e outras alterações climáticas,
além de extinção de espécies
de animais e plantas." Evanildo
da Silveira
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