São
Paulo - O que antes era jogado nos
rios ou perdido na atmosfera agora pode virar
fonte de receita para pedreiras e serrarias
do noroeste fluminense, além de início
de uma nova atividade econômica na região.
A reutilização de resíduos
do processo produtivo é uma das alternativas
econômico-ambientais que vêm sendo
discutidas pelo governo do Rio de Janeiro para
o desenvolvimento da região.
De
acordo com o presidente do Departamento de Recursos
Minerais (DRM-RJ), Flavio Erthal, a idéia
é viabilizar a construção
de uma fábrica de argamassa, no município
de Santo Antonio de Pádua, para absorver
os resíduos finos (pó) resultantes
da serragem de pedras decorativas de 250 pequenas
empresas de extração e beneficiamento
instaladas na região.
A
Secretaria de Estado de Energia, Indústria
Naval e Petróleo, através do DRM-RJ,
já autorizou o início do Estudo
de Viabilidade Técnico-Econômica
(EVTE) para definir o projeto de construção
da fábrica. O estudo, que custará
R$ 15,5 mil, definirá os parâmetros
de viabilidade do empreendimento, orçado
em R$ 1,1 milhão.
"O
sindicato local já está se organizando
em forma de consórcio para conseguir
recursos que viabilizem a construção
da fábrica", afirma Erthal. O grupo
já conta com o apoio da prefeitura, que
cederá o terreno no pólo industrial
da cidade. Segundo o executivo, o pólo
cerâmico de Campos dos Goytacazes, que
abriga 130 micro e pequenas empresas, seria
o potencial consumidor da produção
da nova fábrica.
Segundo
Erthal, as pedreiras de Santo Antônio
de Pádua geram hoje em torno de 2 mil
toneladas de resíduos em pó por
mês. "A iniciativa vai agregar valor
a um produto antes considerado resíduo
poluente, além de evitar a contaminação
dos cursos d’água", ressalta.
Estudos
desenvolvidos por pesquisadores da Universidade
Estadual do Norte Fluminense (UENF), acompanhados
pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT)
e pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem)
concluíram que a adição
de 15% a 20% do pó na massa cerâmica
melhora consideravelmente esse tipo de produto.
Segundo
dados do DRM-RJ, o impacto ambiental gerado
pelo beneficiamento das rochas de Santo Antônio
de Pádua, já sofreu, desde o segundo
semestre de 2001, uma forte redução
devido à progressiva instalação
de unidades de tratamento de efluentes (UTE)
nas serrarias do município.
As
UTE reduziram a contaminação de
resíduos sólidos finos lançados
diretamente no rio Pomba e seus afluentes, permitindo
que 95% da água presente nos efluentes
das serrarias possa ser reciclada. A disposição
dos resíduos continua, porém,
preocupando os órgãos ambientais.Beth
Moreira