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Ciência e Tecnologia
Ciência e Meio Ambiente
26/1/2004

Gestão de Amaral não conquistou comunidade científica

Embora tenha tido boas idéias, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia não conseguiu pô-las em prática, segundo cientistas

São Paulo - O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, que teve seu pedido de demissão aceito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, não deixará saudades na comunidade científica. Grande parte das lideranças da área não aprovou sua administração.

A avaliação é a de que, embora tenha tido algumas boas idéias, Amaral não conseguiu pô-las em prática. Segundo os cientistas, faltou a Amaral força política para conseguir a liberação de recursos em outros ministérios, principalmente da área econômica.

A demora para pôr em funcionamento a máquina do seu ministério e não ter dado continuidade a alguns programas do governo anterior considerados eficientes são duas outras críticas comuns à atuação do ex-ministro.

Entre os aspectos positivos, são elogiadas suas escolhas para a direção de algumas agências do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), como Erney Camargo, para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e Sérgio Rezende, para a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Para o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, por exemplo, Amaral deixou sem solução uma série de desafios.

“O principal deles foi não ter conseguido, por falta de força política e coordenação com outros ministérios, a liberação dos cerca de R$ 2 bilhões dos fundos setoriais, retidos pela área econômica do governo”, diz. “É um dinheiro carimbado, que vem das empresas de vários setores e deve ser usado somente para financiar a ciência e a tecnologia no País, mas está ajudando a formar o superávit primário.”

O físico Carlos Alberto de Aragão Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por sua vez, critica uma das principais políticas que Amaral tentou pôr em prática, a descentralização da ciência, que hoje se concentra da Região Sudeste. “Não foi uma política bem-sucedida”, diz. “O resultado dela foi ter acabado com o Pronex (Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência).”

Esse programa, como o nome diz, financiava os melhores grupos de pesquisa do País. Amaral mudou-o. Para liberar os recurso do MCT agora é necessário que os Estados, por meio de suas fundações de amparo à pesquisa (FAPs), entrem com uma contrapartida.

A crítica de parte da comunidade científica a esse modelo é de que muitas FAPs, e os próprios Estados, não estão preparados nem têm recursos para financiar grupos do Pronex. Por isso é que Carvalho diz que não se pode adotar a descentralização às custas do que funciona.

Para Tarcisio Pequeno, diretor do Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade Federal do Ceará (UFC), a melhor proposta do ex-ministro foi justamente essa da descentralização. “Mas talvez aí também resida o seu maior fracasso”, diz. “Sua política pecou na forma como buscou realizar essa descentralização, tratando da mesma maneira regiões diferentes.”

De acordo com Pequeno, regiões em estágios de desenvolvimento diferente requerem políticas e medidas diferenciadas. “Faltou para o ministro e sua equipe imaginação e disposição de buscar o estudo, o diagnóstico e as ações corretas para cada caso”, diz. Evanildo da Silveira

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