Brasília
- O Ministério do Meio Ambiente ainda
vai tentar alterar o substitutivo do projeto
da Lei de Biossegurança que tramita no
Congresso e espera chegar a um acordo sobre
o assunto até a próxima semana.
O parecer apresentado na terça-feira
pelo então relator da matéria,
deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), desagradou
o ministério. O relatório aumenta
os poderes da Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio) para
autorizar pesquisas com transgênicos e
diminui uma série de restrições
estabelecidas pelo projeto original do governo,
elaborado com forte participação
da ministra Marina Silva.
Em
reunião realizada ontem na Casa Civil,
assessores do Ministério do Meio Ambiente
tentaram reverter a ampliação
do poder concedido à CTNBio, que, pelo
texto apresentado por Rebelo, passaria a ter
poderes definitivos para autorizar pesquisas.
No
projeto do governo, o papel da CTNBio era apenas
consultivo. Hoje, porém, as negociações
foram tumultuadas com a saída de Rebelo
da relatoria do projeto de biossegurança
para assumir o Ministério da Articulação
Política. Em seu lugar, ficará
o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE).
O
substitutivo de Rebelo, que voltou a tramitar
em regime de urgência, aumenta ainda a
influência da comunidade científica
na CTNBio ao exigir que os representantes de
organizações-não governamentais
na comissão terão de ser especialistas
com grau de doutor. A Casa Civil deverá
discutir o substitutivo também com representantes
de outros ministérios, que têm
interesses no Projeto de Biossegurança,
mas, segundo o ex-ministro do Meio Ambiente
deputado José Sarney Filho (PV-MA) a
avaliação do ministro-chefe da
Casa Civil, José Dirceu, o substitutivo
de Rebelo é melhor do que o projeto original.
O
projeto deverá ser votado no plenário
da Câmara no próximo dia 4. Pelo
acordo dos partidos aliados, o texto será
debatido na comissão especial encarregada
de examinar o assunto na terça e na quarta-feira
da semana que vem. A comissão deve votar
o projeto no dia 3 de fevereiro, na véspera
da sua votação em plenário.
Segundo
o presidente da Frente Parlamentar em Defesa
da Biossegurança, deputado João
Alfredo (PT-CE), o substitutivo de Aldo Rebelo
“desfigurou” a política ambiental
do governo. “O que aconteceu? O governo
mudou de opinião e não nos avisou?
O relator não ouviu o governo?”
– questionou. Aliada da ministra Marina
Silva nessa questão, a Frente tentou
paralisar a votação da proposta,
excluindo-a da listas de matérias a serem
examinadas durante a convocação
extraordinária do Congresso. Mas foi
vencida e, ao que tudo indica, dificilmente
conseguirá recuperar o projeto original.
Lígia Formenti e Rosa Costa