Agência
FAPESP - Um estudo realizado por cientistas
da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP), em parceria com pesquisador
da Universidade da Escola Médica do Hospital
St.George de Londres, Inglaterra, revelou que
a poluição tem diminuído
o peso de recém-nascidos na capital paulista.
O trabalho foi publicado na edição
de janeiro do periódico inglês
Journal of Epidemiology & Community Health,
da Associação Médica Britânica.
O
fato foi verificado após o acompanhamento
de gestantes que ficaram expostas a taxas maiores
de poluição do ar no primeiro
trimestre de gravidez e tiveram bebês
com peso menor
que outras mulheres grávidas não
submetidas à mesma exposição.
Os
dados referentes aos nascimentos foram obtidos
no Sistema de Informações de Nascidos
Vivos (Sinasc) do Ministério da Saúde,
que utiliza como base a Declaração
de Nascimento. Os índices de poluição
para a pesquisa foram colhidos da Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb),
órgão responsável pelo
controle e prevenção da poluição
no Estado.
O
trabalho, que resultou no artigo Association
between ambient air pollution and birth weight
in São Paulo, Brazil, foi realizado pelos
brasileiros Nelson Gouveia e Maria Novaes e
pelo britânico Steve Bremner.
“A
metodologia da pesquisa se baseou em uma análise
de regressão múltipla. Trata-se
de um modelo multivariado onde foram colocados
os efeitos da poluição e o peso
do bebê ao nascer. A partir do cruzamento
de variáveis que podem estar associadas
ao peso, como o sexo da criança e a idade
da mãe, chegamos à conclusão
de que, a cada aumento dos níveis de
poluição do ambiente, o bebê
sofria diminuição do peso ao nascer”,
disse Gouveia à Agência FAPESP.
Segundo
a pesquisa, desenvolvida com base em informações
de 179 mil recém-nascidos de mães
que moram na cidade de São Paulo, a baixa
oxigenação sangüínea
provocada pelos poluentes seria a principal
causa para a variação de peso.
Para
cada parte por milhão de monóxido
de carbono a que as mães ficaram expostas,
houve redução de 23 gramas no
peso do recém-nascido. Foram excluídos
da análise os bebês prematuros,
como os de gestação com menos
de 37 semanas, além de gêmeos e
crianças com menos de 1 kg ou mais de
5 kg.
“O
peso é um dos principais determinantes
da saúde da criança. Se um bebê
nasce com um peso muito baixo, pode ter uma
saúde infantil mais débil e ser
uma criança mais frágil, sujeita
à ocorrência de mais doenças
e com um risco de morte maior. Se a poluição
afeta o peso, certamente afetará a saúde
da criança como um todo”, disse
Gouveia.
Apesar
de haver outros estudos no Brasil que relacionam
a poluição com a mortalidade ou
problemas respiratórios da criança,
este é o primeiro trabalho no país
a ligar a poluição com o peso
de recém-nascidos.