Agência
FAPESP - Qualquer extração
de rochas ornamentais acaba gerando um sub-produto
que, pelo menos até agora, era absolutamente
indesejável. As toneladas de pó
fino que se desprendem das atividades minerais
são um grande problema para o meio ambiente.
Impedir essa agressão e ainda gerar renda
e empregos é o que promete uma invenção
de dois institutos de pesquisa ligados ao Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT).
O
Instituto Nacional de Tecnologia e o Centro
de Tecnologia de Minerais (Cetem) desenvolveram
um método para aproveitar o pó
de rocha em linhas de produção
industriais. A partir da invenção
que já foi, inclusive, patenteada, o
poluente ambiental se transforma em matéria-prima
que poderá ser usada na fabricação
de argamassas para a construção
civil.
“Essa
nova massa é igual às preparadas
em canteiros de obra”, disse Carlos Cesar
Peiter, pesquisador do Cetem, à Agência
FAPESP. “É possível fazer
uma mistura homogênea substituindo o cal
por esses resíduos. O produto final sai
com a mesma qualidade ou até superior
e o custo para a fabricação da
argamassa também é reduzido, pois
o pó é adquirido de graça.”
Além
de resolver um problema ambiental, o pó
fino deverá ser responsável pela
geração de empregos. Está
prevista, dentro dos objetivos anunciados pelo
MCT, a construção de uma fábrica
para a produção de argamassas
a partir de pó de rocha na cidade de
Santo Antônio de Pádua (RJ).
Segundo
os técnicos envolvidos com o projeto,
a retenção do pó fino pode
ser feita no momento em que a pedra está
sendo retirada da natureza. O adicionamento
de água ao processo de extração
promove a formação de uma espécie
de lama. A partir desse material, o pó
é separado da água, de forma que
a parte sólida da mistura possa ser armazenada.
Segundo
Peiter, a capacidade produtiva da nova linha
de produção será de aproximadamente
1,9 mil toneladas por mês de argamassa,
com faturamento bruto estimado em R$ 3 milhões
por ano. “Temos 100 mil toneladas de pó
estocadas para serem utilizadas”, disse.
Peiter
explica que a fábrica já conta
com um estatuto de viabilidade econômica
aprovado, além de um projeto técnico.
“Para viabilizar a obra, está faltando
apenas uma maior articulação entre
a Associação dos Produtores de
Pedra da região e os órgãos
de financiamento”, disse Peiter. Segundo
o pesquisador, R$ 400 mil foram investidos na
compra de equipamentos.