Agência
FAPESP - Pesquisadores da Universidade
de Harvard e da Nasa, a agência espacial
norte-americana, fizeram a primeira observação
de uma molécula que há tempos
os especialistas acreditavam teria um papel
importante na destruição da camada
de ozônio da Terra.
Utilizando
sensores instalados em aviões, desenvolvidos
especialmente para o projeto, os cientistas
sobrevoaram o Oceano Glacial Ártico e
identificaram a molécula em ação.
A análise dos dados obtidos foi conduzida
em uma simulação computadorizada
da química da atmosférica terrestre,
desenvolvida pelo Laboratório de Propulsão
a Jato da Nasa.
A
molécula (ClOOCl) é conhecida
como dímero de monóxido de cloro,
por ser composta da união de duas moléculas
idênticas de monóxido de cloro.
Cientistas anteriormente conseguiram criar e
detectar o dímero em laboratório,
mas especulavam que ele só poderia existir
naturalmente na estratosfera especialmente fria
sobre as regiões polares, onde os níveis
de monóxido de cloro são altos.
“Sabíamos,
por observações feitas desde 1987,
que a elevada perda de oxônio estava relacionada
com os altos níveis de monóxido
de cloro, mas nunca o havíamos detectado”,
disse o líder da pesquisa, Richard Stimpfle,
do Departamento de Química da Universidade
de Harvard.
O
monóxido de cloro e seu dímero
originam-se principalmente a partir de halocarbonos,
como o CFC, substâncias que tiveram seu
uso em sistemas de refrigeração
banidos mas que permanecem na atmosfera por
décadas.
A
molécula, ao absorver a luz do sol, divide-se
em dois átomos de cloro e uma molécula
de oxigênio. Como os átomos de
cloro livres são altamente reativos com
moléculas de ozônio, eles levam
à quebra desses últimos. O pior
é que, no processo de quebra, os dois
átomos de cloro reagem com duas moléculas
de ozônio, formando duas moléculas
de oxigênio mas também duas novas
moléculas de monóxido de cloro,
que começam outro ciclo de ataque. “O
processo converte duas moléculas de ozônio
em três moléculas de oxigênio
e esta é a definição da
perda de ozônio”, disse Stimpfle
Os
cientistas acreditam que esta primeira observação
da molécula deve ajudar no desenvolvimento
de previsões mais acuradas de destruição
na camada de ozônio.