Milhares
de ilhas e ilhotas espalhadas pelo Planeta já
sentem os efeitos da expansão térmica
dos oceanos e da conseqüente elevação
do nível do mar provocados pelo aquecimento
global do clima. A situação se
torna ainda mais dramática quando esses
pequenos pedaços de terra são
habitados e obriga sua população
a viver na condição de nômades
do mar.
E
é isso que acontece com os 11 mil habitantes
da ilha Tuvalu, capital de uma minúscula
nação formada por 30 ilhas situadas
no Oceano Pacífico, próximo à
Nova Zelândia. Diariamente, eles são
atingidos pelo aumento de até um metro
no volume da maré, fazendo com que a
água salgada inunde as áreas mais
baixas e contamine a água potável
e a agricultura do país.
O
quadro fica ainda pior quando a elevação
do nível do mar vem acompanhada de lua
cheia - que provoca maiores marés - tempestades
e ciclones tropicais, como está previsto
para ocorrer neste final de semana. Nessas condições,
a ilha pode ser completamente coberta pela água,
a exemplo do que ocorreu em 2001.
As
autoridades de Tuvalu já avisaram que
até amanhã (20) a maré
vai superar a marca dos três metros e
provocar ondas gigantes que devem alagar a maior
parte da superfície da ilha, que está
a pouco menos de 4,5 metros acima do nível
do mar. Mais uma vez, os nômades do mar
deixarão seu país para retornarem
quando a água abaixar.
Segundo
o pesquisador Carlos Augusto Sampaio França,
do Instituto Oceanográfico da USP - Universidade
de São Paulo, os gases de efeito estufa
lançados diariamente na atmosfera estão
provocando o aquecimento de todo o planeta.
Esse aquecimento, explica, provoca a expansão
térmica da massa liquida dos oceanos
e o aumento gradual do nível do mar.
De
acordo com França, estima-se que nos
últimos 100 anos o nível do mar
tenha subido entre 10 e 20 cm, e a projeção
para o próximo século é
de algo em torno de 50 cm, podendo chegar a
até um metro. Com isso, várias
ilhas com cotas máximas de até
4,5 metros acima do nível do mar, como
é o caso de Tuvalu, poderão ser
literalmente engolidas pelas águas.
O
aquecimento global também pode causar
mudanças na seqüência e na
intensidade das tempestades, elevando ainda
mais o nível do mar e intensificando
tais problemas em um futuro próximo.
?Daí a importância do Protocolo
de Kioto. O mundo precisa reduzir o índice
de emissão de gases de efeito estufa
na atmosfera?, ressalta o pesquisador.
França
alerta, ainda, que os problemas provocados pelo
aumento do nível oceânico não
atingem apenas as ilhas e ilhotas. As cidades
litorâneas que estão mais próximas
do nível do mar, inclusive algumas brasileiras,
como Rio de Janeiro e Santos, também
podem sofrer com esses efeitos, principalmente
no que diz respeito ao abastecimento de água
potável e lançamento de esgoto
por emissários submarinos. A Holanda,
por exemplo, monitora constantemente as variações
nos níveis do mar do Norte.
Cientistas
e especialistas apontam vários fatores
capazes de provocar essas mudanças climáticas,
entre eles a poluição atmosférica,
o aumento da produção do gás
carbônico, o buraco na camada de ozônio
e o temido efeito estufa, que atua como um cobertor
sobre o planeta concentrando mais energia na
atmosfera. As causas podem variar, mas o efeito
é sempre o mesmo: o aquecimento do clima
da Terra. Agência Brasil