Agência
Fapesp - O nome é uma homenagem
ao professor emérito do Instituto de
Geociências da Universidade de São
Paulo (USP), José Moacyr Vianna Coutinho,
que há mais de 40 anos contribui para
a mineralogia brasileira e mundial. O novo mineral
Coutinhoita está descrito, com todos
os seus detalhes físico-químicos,
em uma tese de doutorado que será defendida
na próxima quarta (11/2), no mesmo instituto.
“As
regras estabelecidas pela União Internacional
de Mineralogia (instituição que
ratifica em todo o mundo as novas descobertas)
impedem que seja dado o nome de um novo mineral
para qualquer pessoa que tenha participado diretamente
do trabalho”, disse o candidato a doutor
Flávio de Souza à Agência
FAPESP. Mas a escolha já havia sido feita
para homenagear Coutinho, cujas contribuições
estão presentes no trabalho de qualquer
geologista.
A
nova rocha, de coloração amarelada,
é um silicato de urânio-tório.
Quando o mineral chegou às mãos
dos pesquisadores era impossível saber
que se tratava de uma grande novidade. “No
início, achamos que se tratava de uma
weeksita, que é rica em fosfato”,
disse Souza.
Orientado
pelo professor Daniel Atencio, o estudo de doutorado
recebeu o título de Coutinhoita, um novo
silicato de urânio análogo a weeksita.
O mineral foi encontrado por um colecionador
na mina Urucun, que fica na cidade de Galiléia,
em Minas Gerais.
Mesmo
existindo milhares de minerais catalogados no
mundo hoje, segundo a lista oficial da União
Internacional de Mineralogia, o fato pode ser
comemorado do ponto de vista científico.
“É bastante rara a descoberta de
um novo mineral”, disse Souza.
A
descoberta feita nos laboratórios do
Instituto de Geociências da USP é
apenas um passo, embora muito importante, na
espiral das pesquisas científicas. Agora,
além da identificação,
no campo, de novas ocorrências da Coutinhoita,
formas de aplicar a descoberta na prática
também poderão ser desenvolvidas.
“Poderá, quem sabe, ser feito algo
no sentido de diminuir a contaminação
de depósitos de lixo nuclear”,
calcula Souza.
O
mineral, mesmo antes de ser divulgado para a
comunidade mineralógica, recebeu uma
homenagem artística. O cartunista Laerte,
filho do professor Coutinho, fez tira especial
para comemorar a descoberta.