Ampliar
o conhecimento acerca dos mamíferos marinhos
que existem no estado do Rio de Janeiro, bem
como sua preservação, é
um dos objetivo do Projeto Mamíferos
Aquáticos (Maqua), do Departamento de
Oceanografia e Hidrologia da Uerj - Universidade
Estadual do Rio de janeiro.
Criado
em 1992 por iniciativa de alunos de graduação,
o projeto desenvolve trabalhos de pesquisa principalmente
com cetáceos (botos, golfinhos e baleias)
e promove atividades de educação
ambiental. Desde 1993, o Maqua estendeu suas
ações para a Baía de Ilha
Grande e Região dos Lagos e, com isso,
intensificou sua atuação além
da costa da capital.
Segundo
José Lailson-Brito Junior, oceanógrafo,
professor do departamento, um dos idealizadores
do projeto e atual coordenador do Maqua, os
trabalhos são direcionados em três
linhas: com animais vivos, com mortos e extensão
em pesquisa.
O
trabalho com animais vivos consiste na listagem
das diversas espécies que despontam pelo
litoral do Rio, como o realizado, por exemplo,
no recente caso da aparição de
orcas nas praias da cidade. "Estamos fazendo
um trabalho com as orcas para foto-identificá-las
e reconhecê-las, embora o nosso foco com
animais vivos, há mais tempo, seja o
boto-cinza da Baía de Gauanabara",
explica Júnior. Os estudos desenvolvidos
no projeto, sobretudo relativo ao boto-cinza,
delimitaram trabalhos em extensão, dando
origem a quatro teses de mestrado, além
de quatro de doutorado em fase elaboração.
Além
da foto-identificação, o Maqua
realiza com animais vivos trabalhos de bioacústica,
por meio da gravação de alguns
sinais emitidos por determinadas espécies,
não só da costa fluminense, mas
incluindo desde Santa Catarina até a
Foz do Amazonas. A mais recente técnica
empregada resultou do aprimoramento de uma já
utilizada com baleias e, agora, aplicada a outros
cetáceos.
Trata-se
de um método para biopsiar os animais
sem a necessidade de capturá-los para
extrair uma amostra de tecidos. Assim, a coleta
de material para a análises genéticas
ou definição de contaminantes
é feita por um equipamento chamado besta,
semelhante a um arco e flecha com um orifício
coletor localizado na ponta que, ao colidir
com o dorso do animal, coleta pele e gordura.
O
Departamento de Oceanografia tem uma coleção
próxima a 200 animais mortos recolhidos
entre golfinhos, botos e baleias. Com esses
animais, são feitos estudos ecotoxicológicos
que, lembra Júnior, "só são
possíveis graças ao intercâmbio
com outras instituições como as
universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ),
do Paraná (UFPR) e a USP".
Estes
estudos tratam da análise de contaminantes,
desde metais pesados (como cádmio e mercúrio)
até compostos orgânicos, como pesticidas
e compostos de origem industrial, ambos tóxicos.
Por meio desses estudos sobre aspectos ecotoxocológicos
e também sobre ecologia e estimativa
de abundância das espécies, o Maqua
está incluído no Proantar - Projeto
Antártico Brasileiro. Agenc /
Abr