Rio
- A força das ondas vai gerar energia
para 200 famílias do Ceará. A
Eletrobrás, a Coordenação
de Programas de Pós-Graduação
em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e o governo do Estado
assinaram convênio para o desenvolvimento
da primeira geradora de energia a partir do
balanço das marés do Brasil. A
usina deve ser instalada em 2006 em local ainda
a ser definido do litoral cearense.
Os
estudos custarão R$ 400 mil à
Eletrobrás e serão desenvolvidos
no laboratório oceânico da Coppe,
uma espécie de piscina gigante que simula
as condições climáticas
do oceano, com geração de ondas
e ventos, localizada no campus da UFRJ, na Zona
Norte do Rio. O primeiro protótipo já
está pronto e o projeto prevê que
a usina gere 400 megawatts (MW) em sua primeira
fase.
A
energia gerada pela força das ondas já
está em teste em diversos países
da Europa e do Japão, conta o professor
de Coppe Segen Estefen. Segundo ele, o potencial
estimado de geração de energia
nos oceanos chegaria a 2 milhões de MW,
suficiente para abastecer todo o planeta.
No
Brasil, levantamento feito no litoral das regiões
Sul e Sudeste aponta um potencial de 40 mil
MW. "O Ceará, ao lado da Região
dos Lagos, no Rio de Janeiro, tem as melhores
condições para esse tipo de energia
- ventos constantes que provocam boas ondas",
explicou o professor Estefen.
A
energia gerada pelas ondas é renovável,
tem pouco impacto ambiental, mas precisa de
acompanhamento da Marinha para evitar transtornos
ao transporte marítimo. O protótipo
desenvolvido pela Coppe vai usar o balanço
das marés para bombar água para
um tanque de alta pressão. Desse tanque,
a água é injetada em uma turbina
que acionará o gerador de energia.
Custo
é equivalente ao das hidrelétricas
"A pressão da água fará
o papel das quedas d’água usadas
para gerar energia em hidrelétricas",
comparou o professor. O custo dessa energia,
disse, é equivalente ao das usinas hidrelétricas.
A previsão dos técnicos é
que, para produzir 1 MW, seriam necessários
investimentos de US$ 1 bilhão.
A
usina deve ser instalada perto do continente,
para que o tanque de alta pressão e o
gerador de energia estejam em terra firme. O
local escolhido, porém, deve ter alta
profundidade, pois a energia das marés
diminui à medida que a profundidade for
reduzida, devido ao atrito das ondas com o fundo
do mar.
Com
8,5 mil quilômetros de costa e grande
concentração urbana próximo
ao litoral, o Brasil tem condições
propícias para desenvolver esse tipo
de energia, diz Estefen. A energia das ondas
poderia complementar a energia eólica,
pois geralmente bons ventos propiciam boas ondas.
O Ceará, por exemplo, é pioneiro
na utilização da energia dos ventos.
O Estado tem três parques eólicos,
com capacidade para gerar 17,4 MW. Nicola
Pamplona