São
Paulo - Marinheiros que cruzavam os
mares no longínquo ano de 1750 estão
ajudando cientistas a estudar as mudanças
climáticas no planeta. Os registros diários
que os oficiais faziam sobre ventos e chuvas,
enquanto abriam suas velas para ir de um porto
a outro, resultaram num detalhado banco de dados
que pesquisadores de quatro países estão
analisando há três anos.
Entre
os registros estudados estão os do Capitão
Cook, memorável explorador inglês.
A
pesquisa cobre 100 anos, de 1750 a 1850, e vai
permitir conhecer as alterações
mais significativas que ocorreram no clima dos
oceanos naquele período. Com base nelas,
os cientistas esperam prever possíveis
mudanças no futuro. Estuda-se muito o
clima na Terra, mas são poucos os estudos
específicos sobre as mudanças
climáticas nos oceanos, que cobrem 75%
do planeta.
Hora a hora - Não poderia
haver maior quantidade de detalhes do que nos
diários daqueles oficiais dos séculos
16 e 17, alguns atualizados de hora em hora.
Eles dependiam essencialmente dos ventos e outros
fatores naturais para poder cruzar os mares
levando suas mercadorias ou empreendendo suas
missões exploratórias.
Por
isso, registravam as principais alterações
de direção e força dos
ventos, formação de nuvens, bem
como da situação das ondas e da
visibilidade do céu.
Os
registros estudados são de embarcações
britânicas, holandesas, francesas e espanholas,
que navegaram intensamente entre os principais
portos do mundo. O trabalho envolve pesquisadores
das universidades inglesas de Sunderland e East
Anglia, da Universidade de Madri, do Real Instituto
de Meteorologia da Holanda e da Universidade
de Mendoza (Argentina).
O
líder dos pesquisadores, Dennis Wheeler,
disse à agência London Press que
já é possível comparar
o comportamento diário do clima naquele
período com o dos dias de hoje.