Agência
Fapesp - Há oito anos um grupo
de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista
(Unesp) vem cumprindo uma tarefa sistemática:
acompanhar semanalmente a rotina dos pescadores
artesanais de uma comunidade em Itanhaém,
no litoral paulista, e catalogar, pacientemente,
todas as espécies retiradas do mar.
Integrantes
do Projeto Cação, que desde julho
de 1996 busca identificar a biologia básica
de tubarões e raias na costa central
paulista, os pesquisadores comprovaram a existência
de um berçário de tubarões
em Itanhaém.
“Ainda
não sabemos a extensão do berçário,
mas é certo que pelo menos cinco espécies
dão à luz e permanecem na região
durante os primeiros meses de vida dos filhotes”,
disse à Agência Fapesp o coordenador
da pesquisa Otto Fazzano Gadig, professor de
zoologia de vertebrados do campus do Litoral
Paulista da Unesp, em São Vicente.
Entre
os tubarões que usam o litoral do Estado
como abrigo estão o cação-frango
(Rhizoprionodon lalandii), o tubarão-martelo
(Sphyrna lewini), o salteador (Carcharhinus
limbatus), o pintadinho (Rhizoprionodon
porosus) e a galha-preta (Carcharhinus
brevipinna). A longa estada dos animais
em Itanhaém seria conseqüência
da abundância de alimentos no local e
por ele estar protegido de predadores.
“Dizemos
que esse é o primeiro trabalho que comprova
a existência de um berçário
de tubarões no Brasil no sentido provocativo,
para que pesquisadores de outras regiões
se sintam incentivados a procurar”, disse
Gadig. Isso porque, segundo ele, a descoberta
é importante para o desenvolvimento de
políticas de preservação
das espécies e para o manejo da pesca.
“Os
berçários devem existir em todo
o litoral brasileiro. No entanto, faltam metodologias
de médio e longo prazo para que a rotina
dos animais seja conhecida e o abrigo identificado”,
disse Gadig. Recentemente, um possível
berçário foi localizado em Fernando
de Noronha, que depende de investigações
mais detalhadas para que sua existência
seja comprovada.
Entre
pescadas, corvinas e peixes-espada, o Projeto
Cação catalogou cerca de 14 mil
tubarões e raias, pertencentes a 29 espécies.
O grupo é um dos cinco no mundo que trabalham
com a busca de berçários de tubarões.
Dos outros, três deles ficam nos Estados
Unidos, sendo um no Havaí, e dois na
região norte da Austrália.
De
acordo com Gadig, a descoberta não deve
ser motivo de preocupação para
os banhistas. “Apesar da pesca industrial,
o ecossistema tem conseguido manter o mínimo
de qualidade, o que gera boa oferta de alimentos
e afasta os tubarões da costa”,
disse.
Para
mais informações sobre o Projeto
Cação e fotos dos animais catalogados:
www.csv.unesp.br
Kárin Fusaro
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